2° semestre
de 2003
aup-272 organização
urbana e planejamento
Segregação
sócio–espacial
Rafael Otoni Gonçalves
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Introdução
O objetivo deste trabalho é analisar
as diferentes formas com que o processo de segregação sócio-espacial
se expressa na região metropolitana de São Paulo, discutindo
até que ponto esse fenômeno é uma necessidade imposta
pelo capitalismo em sua fase atual e pela sociedade dividida em classes
e a partir de onde ela começa a se tornar uma forma de exclusão
independente, podendo ser enfrentada mesmo dentro do atual quadro social.
Segundo Caldeira, as regras que organizam
o espaço urbano são basicamente padrões de diferenciação
social e de separação. Essas regras variam cultural e historicamente,
revelando os princípios que estruturam a vida pública e indicam
como os grupos sociais se inter-relacionam no espaço da cidade.
A distribuição das residências
no espaço produz sua diferenciação social e há
uma estratificação urbana correspondente a um sistema de
estratificação social.
No caso das nossas metrópoles,
a segregação urbana surge como reflexo, em termos espaciais,
da alta concentração presente na distribuição
de renda brasileira. As cidades se tornam cada vez mais segregadas e consolidam
cada vez com mais evidência a existência de espaços
separados para os diferentes grupos sociais.
A cidade marcada pela segregação,
abrindo mão da diversidade que tradicionalmente caracteriza os núcleos
urbanos, é marcada também pela pobreza da vida social, pela
falência dos espaços públicos. Trata-se de um modelo
intimamente ligado à exclusão social. Até a eficiência
econômica da cidade fica comprometida quando, por exemplo, os altos
gastos com transporte são incorporados ao pagamento dos trabalhadores,
além do tempo gasto com deslocamentos reduzir a produtividade.
Contudo, segundo Torres, nem mesmo os
aspectos negativos da segregação são unanimidade na
literatura da área. Para tanto, menciona Portes e Stepick, que demonstram
que a transformação pela qual passou Miami nas últimas
décadas, com a mudança da posição social de
determinadas comunidades latino-americanas dentro da cidade, foi possibilitada
por meio da separação e da coesão interna.
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