OBJETIVO
DO TRABALHO
O Objetivo
deste trabalho é apresentar uma nova proposta para o Concurso Largo
da Batata, demonstrando que existe possibilidade de realizar uma revitalização
de uma área urbana degradada sem no entanto, aumentar a exclusão
social ou criar um contingente de migração de moradores estabelecidos
na região de estudo para outras regiões da cidade, evitando
assim o agravamento do processo de periferização do município.
Essa postura foi adotada pela equipe, dado o grau de extrema displicência
do Governo Municipal em relação à questão que
preferiu, convenientemente, excluir a adoção do ESTATUTO
DA CIDADE do Edital do concurso de revitalização da região
do Largo da Batata, uma vez que esse instrumento já havia sido regulamentado
pelo Governo Federal na época de realização do concurso.
Convenientemente, pois haveria uma grande desapropriação
tanto de moradias como do comércio popular local em detrimento dos
interesses de grandes especuladores imobiliários, para os quais
a presença desse comércio popular e do grande fluxo de pessoas
e transportes coletivos nas adjacências da Avenida Faria Lima com
a existência do Terminal do Largo da Batata e do recém-inaugurado
Instituto Cultural Tomie Ohtake seria um enorme empecilho. Tendo isso em
vista, a equipe propõe algumas reformulações urbanas
para a área, mas nunca relegando ao segundo plano o problema da
ocupação popular e seu comércio, que no entender da
equipe é parte fundamental da existência da chamada "vida
urbana" na região, muito menos a importância histórica
da região do largo da Batata e do largo de Pinheiros.
São
apresentados ao longo do trabalho o edital reformulado, os objetivos da
equipe em relação às propostas apresentadas, os instrumentos
dos quais a equipe se muniu para a viabilização de suas propostas,
as estratégias para sua concretização além
de mapas e ilustrações com as propostas para a área
a ser reformulada.
Indice
O
EDITAL
Segue abaixo
o Edital do Concurso de Renovação Urbana do Largo da Batata
com a modificação do mesmo proposta pela equipe, lembrando
que em relação ao Edital original foram modificadas a inclusão
do instrumento do ESTATUTO DA CIDADE e da ampliação da ÁREA-FOCO
para praticamente toda a ÁREA-REFERÊNCIA.
1. Do Objeto
do Concurso
O presente
Concurso tem por objeto, a seleção de propostas de reconversão
urbana para a ÁREA-FOCO, devendo ser considerados os seguintes aspectos:
- A valorização,
em quantidade e qualidade, dos espaços públicos destinados
à circulação, acessibilidade, estar, lazer, cultura,
especialmente em função dos fluxos de pedestres, incluindo
tratamento paisagístico e possíveis desapropriações,
se necessário;
- Alteração
e reformulação do sistema viário com estudo de alternativas
para o tráfego da área;
- A articulação
física e formal dos elementos de infra-estrutura, parcelamento do
solo, traçado da malha de circulação, espaços
abertos e edificações, e hipóteses de nova configuração
volumétrico arquitetônica e funcional das quadras lindeiras
ao Largo.
- O projeto
de implantação da Estação Faria Lima da Linha
4 do metro, financiada pelo Estado e pelo BNDES, bem como o possível
remanejamento dos terminais de ônibus Municipais e Intermunicipais
e a conexão
com os trens urbanos da CPTM, prevendo-se espaço de transbordo e
acomodação dos ônibus de passagem e sua articulação
com o fluxo de passageiros do metro, conforme proposta da Secretaria Municipal
de Transportes;
- Quantificação
e pré-orçamento da implantação da proposta
tendo como limite o valor de R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões
de Reais) para a reestruturação e eventual ampliação,
por desapropriação, das áreas públicas, a serem
investidos prioritariamente na ÁREA-FOCO;
- Compatibilidade
das propostas com as normas urbanísticas estabelecidas no ESTATUTO
DA CIDADE. |
.Indice
OBJETIVOS
São
descritos abaixo os objetivos que a equipe procurou alcançar com
as propostas apresentadas para a região.
Consolidar
a área como local de referência e utilização
para toda a Zona Oeste.
Reafirmando
a área como centro de intensas e diversificadas atividades, utilizado
pela população de toda a Zona Oeste da metrópole.
Valorizar
os espaços e as edificações referenciais do bairro.
Incorporando
os referenciais existentes, valorizando e garantindo seus principais pontos
de visualização. Dotando a área de novos referenciais
que colaborem com o reforço da idéia de centralidade proposta.
Renovar
o ambiente urbano da área.
Recuperando
a qualidade do acervo construído e requalificando os espaços
livres públicos.
Conservar
o caráter e as características peculiares do bairro.
Promovendo
a diversidade e a simultaneidade de usos comerciais, residenciais e de
serviços como estratégia de animação das ruas
do bairro, articulando um conjunto de edifícios, espaços
e atividades de significado regional.
Reinserir
a população residente e flutuante.
Confirmando
a vocação habitacional e comercial do bairro. Desenvolvendo
políticas que impeçam a gentrificação da área
e a perda da rica composição de diferentes classes sociais
morando e convivendo no mesmo bairro.
Expandir
e renovar a atividade comercial.
Dotando a
área de comodidades e facilidades raramente disponíveis para
o comércio de rua, através de estratégias que impeçam
o desaparecimento da variedade e diversidade de padrões comerciais
que atendem às diferentes classes de consumidores da região.
.Indice
INSTRUMENTOS
Os instrumentos
disponibilizados pela Operação Urbana Faria Lima deverão
ser utilizados como estímulo a novos investimentos privados imobiliários
e comerciais para a renovação do patrimônio edificado
ora deteriorado.
A otimização
dos recursos e da infra-estrutura urbana existente na área e a dotação
de novas "infras" que supram as carências presentes na região
permitirão a articulação dos investimentos públicos
e privados por um plano ordenador dos volumes edificados e seus usos.
A gestão
e o fomento dos investimentos privados, nas atividades comerciais e de
serviços, deverão ser feitos por um órgão misto
público/privado que funcionará no mesmo edifício proposto
para a Administração Regional de Pinheiros.
A desapropriação
cuidadosa, pontual e estratégica dos imóveis necessários
para a conquista de maiores e mais generosos espaços públicos.
O investimento
direto de recursos municipais na reforma, tratamento e requalificação
dos espaços livres públicos.
O oferecimento
de canais de financiamento específicos e privilegiados para investimentos
em Habitação de Interesse Social (HIS) articulados com os
Movimentos Populares Organizados.
Acredita-se
que através da outorga onerosa de potencial adicional de construção
a um custo mais baixo para os usos de franco acesso público nos
térreos das edificações comerciais e de serviços
possamos estimular a implantação de usos compatíveis
com as qualidades pretendidas para os espaços livres. Outra redução
nos custos da outorga onerosa poderia ser proporcional à área
do terreno que fosse tratada como extensão natural e sem qualquer
obstrução das calçadas. Ou mesmo a contagem da área
das "loggias", ainda que cobertas pela sobreloja, como área livre
para efeito do cálculo da T.O. do terreno.
Em síntese,
busca-se instrumentos que ofereçam ganhos de espaços públicos
sem onerar os cofres públicos ou demandar desapropriações.
.Indice
ESTRATÉGIAS
1.
Reorganização do Binário Previsto
A transferência
do terminal de ônibus para junto das estações da CPTM
e do Metro Pinheiros, se por um lado
propiciará
a maior integração entre diferentes meios de transporte,
também produzirá impactos negativos pela
presença
de dois "corredores" de ônibus numa área de forte tradição
comercial e habitacional do bairro. Para
reduzir o
impacto do grande fluxo de ônibus previsto para a área, propomos:
•Para a rua
Sumidouro, sugerimos a revisão do seu traçado junto à
av. Faria Lima a fim de preservar a integridade da quadra do Colégio
Estadual Alfredo Bresser, obter um traçado viário mais retilíneo,
e garantir uma volumetria edificada mais contínua junto à
av. Faria Lima pelo "ganho" de uma quadra, antes desapropriada pelo corredor
de ônibus;
•O redesenho
das quadras lindeiras à rua Sumidouro, através de uma negociação
entre proprietários dos lotes ao longo desta via e o Poder Municipal
para a implantação de áreas habitacionais (corretamente
desenhadas para estes contextos) para o atendimento de parte da população
residente no bairro. Com este procedimento pretende-se evitar a deterioração
imobiliária provocada pelo grande fluxo de ônibus e garantira
permanência dos atuais moradores e proprietários no local;
•Que o corredor
de ônibus previsto para a rua Paes Leme seja transferido para a rua
Butantã, por esta ser mais larga, ter uma ocupação
lindeira passível de maior renovação urbana e por
já contar com grande fluxo de ônibus, resguardando as atuais
características e atividades presentes na rua Paes Leme;
•Que o binário
sugerido siga pela rua Sumidouro, até o terminal, pelas ruas Eugênio
de Medeiros, Butantã e Teodoro Sampaio. Nas ruas Eugênio de
Medeiros e Butantã, propõe-se a implantação
de largas calçadas, através do redesenho/renovação
das quadras lindeiras propostas para um dos lados das vias, qualificando
o percurso dos pedestres e diminuindo o conflito entre ônibus e pedestres;
•A desapropriação
necessária e já prevista por lei para o alargamento da rua
Eugênio de Medeiros é imprescindível para esta alteração
e por isso mesmo é uma das obras previstas nesta primeira etapa
das intervenções.
.Indice
2.
Sistema de calçadas privilegiadas
Propõe-se
a configuração de um conjunto de percursos privilegiados,
servidos por calçadas largas e arborizadas ligando os principais
espaços públicos e equipamentos do bairro, extrapolando inclusive
os limites da Área-foco proposta por este Concurso, buscando reforçar
a ligação de Pinheiros com o bairro do Butantã.
Estas calçadas
poderão ser implantadas em etapas, e, neste processo, o posteamento
existente será substituído por uma galeria técnica
enterrada e a nova iluminação articulada com todo o mobiliário
urbano (cestas de lixo, pontos de ônibus, bancos, barracas de comércio
de rua e sinalização pública) e com uma consistente
política de implantação, proteção e
manutenção da arborização pública. A
qualificação das calçadas poderá ser obtida
por parcerias com associações comerciais, diretas beneficiárias
desse projeto, e parcerias com concessionárias públicas para
a construção das galerias técnicas.
Este sistema
deverá contribuir para revigorar a vocação comercial
e o papel de palco do cotidiano urbano destas ruas. Para tanto, será
interessante manter a presença de automóveis, priorizando
contudo, o espaço do pedestre. As estratégias adotadas para
ganhar largura nas calçadas são várias, algumas atingíveis
em curto prazo com a supressão de pistas ou de áreas de estacionamento;
outras a longo prazo, como a recomendação do recuo do térreo
para as novas edificações.
Buscar-se-á
estabelecer um conjunto diversificado de configurações que
mantenha as características funcionais e formais peculiares de cada
rua.
O centro articulador
e geométrico deste sistema será o Novo Largo de Pinheiros
e a Praça da Cooperativa, a partir das quais o pedestre, ao chegar
na Estação de Metro ou ao estacionar seu carro na garagem
subterrânea, fará um percurso de menos de 700 metros para
atingir a Estação de Trem da CPTM, os dois terminais de ônibus,
as 3 praças, um parque, o Mercado Municipal, dois Shoppings, a loja
da FNAC, um SESC, 2 agências do correio, uma Central Telefónica,
o Complexo Ohtake Cultural, um colégio particular, um colégio
público, inúmeros restaurantes, bares e lanchonetes, lojas
diversas e vários centros empresariais.
Deverão
ser implantadas cinco calçadas privilegiadas:
•ao longo da
rua Butantã, com quase 8 metros de largura, suprimindo uma faixa
do leito carroçável, partindo do Novo Largo de Pinheiros
e extendendo-se até o bairro do Butantã, seu vizinho histórico.
Para tanto, a faixa de retorno dos ônibus intermunicipais (ponte
Bernardo Goldfarb) que perderá a importância quando a linha
do Metro for implantada, será transformada numa passagem para pedestres
que dará continuidade à rua Butantã até o complexo
da Paineira, na outra margem do rio Pinheiros. A grande altura desta ponte
não tem sido barreira para os pedestres que, mesmo sem calçadas,
insistem em se servir dela para fazer a travessia, e acabará por
proporcionar uma privilegiada vista do vale e do bairro de Pinheiros, permitindo
até a visualização da torre da Igreja de Monte Serrat;
•ao longo da
Cardeal Arcoverde e rua Edson, saindo da Praça da Cooperativa, extendendo-se
até a praça dos Omaguás, articulando a FNAC e a ACM;
•ao longo da
Paes Leme, com quase 7 metros de largura, suprimindo uma faixa de estacionamentos,
iniciando no Novo Largo de Pinheiros e extendendo-se até as estações
(CPTM, METRO e de ônibus) e servindo ao SESC;
•ao longo da
rua Eugênio de Medeiros, articulando as estações, o
bairro do Butantã e o "parque" proposto na quadra institucional
descrito mais adiante;
•ao longo da
rua Sumidouro, servindo a duas escolas, ao Centro Brasileiro Britânico
e novamente ao "parque" proposto na quadra institucional descrito mais
adiante; ao longo da avenida Faria Lima até o complexo Ohtake Cultural.
.Indice
3.
Centralidades: Novo Largo de Pinheiros e Praça da Cooperativa
Propõem-se
a desapropriação e a demolição das duas quadras
que separam a praça Padre Septimio Ramos Arantes da avenida Faria
Lima. Esta intervenção permitirá a visualização
da Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrate, um dos principais referenciais
do bairro, a partir da avenida.
Esta intervenção
liberará uma nova e ampla praça que passará a ser
o espaço articulador de praticamente todos os percursos das principais
ruas do Bairro.
Esta praça
deverá ser conhecida como Novo Largo de Pinheiros, pois terá
início na avenida Faria Lima e terminará incorporando o antigo
Largo de Pinheiros junto ao encontro das ruas Paes Leme e Butantã,
ao lado da igreja. A rua Paes Leme perderá seu acesso à rua
Teodoro Sampaio, liberando uma ampla calçada diante do acesso lateral
da Igreja de Monte Serrat, recriando o Largo de Pinheiros original e colocando
no seu centro o monumento à Aldeia Nossa Senhora de Pinheiros, obra
de Luiz Morrone, atualmente implantada na praça João Nasser.
O papel articulador
e central do Novo Largo de Pinheiros será reforçado pela:
•construção da nova sede da Administração Regional
de Pinheiros (possivelmente futura Subprefeitura da área); •implantação
de um grande estacionamento subterrâneo (com cerca de 500 vagas,
podendo ser construído em parceria com a iniciativa privada) sob
a praça, que atenderá à estação do Metro,
à Administração Regional, bem como ao comércio
da área; •acessibilidade privilegiada a partir das linhas de ônibus
circulando pela avenida Faria Lima (servida pela estação
de transferência) e pela rua Teodoro Sampaio; •presença de
novos e históricos referenciais urbanos (Igreja de Monte Serrat
e Administração Regional). •implantação da
Estação da Linha 4 do Metro.
Tudo isto garantirá
a primazia deste espaço como a nova imagem do bairro.
Do outro lado
da avenida o espaço ora utilizado como "camelódromo", junto
à antiga Cooperativa de Cotia, passará a ser o centro de
outra praça articuladora de novos e históricos referenciais
do bairro. Propomos que seja retomada a construção do shopping
no terreno da Cooperativa Agrícola de Cotia, e este, associado ao
Mercado Municipal de Pinheiros, garantiriam a vitalidade comercial neste
setor.
A praça,
a ser conhecida como Praça da Cooperativa (de maneira a preservar
a memória deste importante referencial do bairro), terá um
generoso acesso à estação do Metro que servirá
também como passagem pública subterrânea até
o Novo Largo de Pinheiros, articulando-se de modo direto com a Estação
de Metro, com a Administração Regional e com o estacionamento.
Com esta passagem
o percurso original da rua Cardeal Arco Verde permanecerá como principal
eixo de ligação entre os dois lados da avenida.
.Indice
4.
Implantação de um Parque
Propõe-se
a abertura para uso como parque público de parte da área
verde existente na grande quadra de usos institucionais (SABESP, Corpo
de Bombeiros, CETESB, CET e DSV).
O adensamento
populacional que o Bairro deverá sofrer nas próximas décadas
só agravará a histórica ausência de áreas
verdes para recreação da população. A Operação
Urbana assume este desafio e a referida quadra é a melhor oportunidade
de implementação. A articulação de diferentes
esferas públicas, e, de diferentes órgãos e autarquias
é a principal dificuldade a superar.
A quadra tem
aproximadamente 164.000 m2, bastaria franquear para a população
cerca de 40.000 m2 (24%) ainda que descontínuos para oferecer importante
contribuição à qualidade de vida dos moradores do
bairro.
A transferência
da Administração Regional de Pinheiros para o Novo Largo
de Pinheiros ajudará na liberação da área pretendida.
Dentro do "parque"
algum edifício deverá ser adaptado para servir de ponto de
recolhimento e apoio aos moradores de rua. A implantação
de uma lanchonete e sanitários públicos, que funcionem sob
concessão pública, oferecerá o necessário apoio
aos usuários desses espaços. O "parque" se tornará,
assim, mais uma opção gratuita de lazer e recreação
para toda a população.
.Indice
5.
Revisão dos tipos propostos pela Operação Urbana Faria
Lima
As revisões
propostas buscam manter o espírito da Operação vigente
incentivando usos de acesso público no térreo dos edifícios,
especialmente os comerciais.
A mudança
proposta é a de que cada rua, em função das suas características
(largura, tipo de tráfego, tipo provável de comércio,
etc.) e possibilidades, seja marcada por um tipo específico de construção.
Sugere-se
um desenho alternativo ao dado pelo zoneamento vigente. Ao invés
de verticalizar com torres isoladas, que ocupam pouco o terreno, recuadas
e possivelmente monofuncionais (como o mercado imobiliário tem erguido
pela cidade toda), propomos volumes comerciais ocupando boa parte do terreno
(até 70%), construídos junto ao alinhamento das ruas, com
torres menores sobre eles e multifuncionais.
Quanto à
distribuição das torres e seu porte propõe-se a seguinte
revisão: as áreas de Z3 e Z4 ao redor da praça Padre
Septimio Ramos Arantes devem ter sua verticalização controlada
de modo a preservar a visibilidade da torre da igreja, permitindo maior
potencial construtivo nas ruas mais largas e articuladas (como as ruas
Cunha Gago, Cardeal Arcoverde e avenida Faria Lima).
A seguir, discriminam-se
as revisões por setores.
5.1. Quadras
da avenida Faria Lima
A grande e
extensa quadra situada entre a rua Fernão Dias e a avenida Faria
Lima apresenta uma série de dificuldades à renovação,
com lotes de tamanhos variados, desalinhados e de uso excessivamente diversificado.
Contudo, sua visibilidade e localização privilegiada acabará
consolidando uma renovação por edifícios de alto padrão
através da substituição das edificações
existentes, como já vem ocorrendo em outros trechos da mesma avenida.
Sugere-se que
os empreendimentos remembrem lotes em quantidade suficiente para ter acesso
pelas duas ruas e pelo menos 2.500 m2. Um volume baixo, com 9m de altura,
deverá estar recuado de modo a integrar 10 m de calçada,
geminando em uma das laterais e com recuo mínimo de 1/3 da testada
para a outra divisa, e colocar-se recuado 3 metros da rua Fernão
Dias. Desta forma, os recuos frontais e laterais deverão ser tratados
como extensão das calçadas e oferecer pelo menos 1/3 da testada
do lote como generosa passagem de pedestres ligando as duas ruas.
A ideia é
gradativamente transformar toda a quadra numa extensa e ampla praça
ampliando a oferta de espaços livres públicos qualificados,
animados por cafés e lojas ao longo de todo o percurso entre o Novo
Largo de Pinheiros e o Complexo Ohtake Cultural.
Um alinhamento
ordenará a testada das torres de escritórios ou flats a fim
de valorizar os edifícios articulando-os como um conjunto único,
uma linha reta em contraponto ao traçado sinuoso da avenida, sem
restringir a liberdade formal dos diferentes empreendimentos ou projetos.
Junto à esquina, duas torres isoladas de maior gabarito pontuam
o final da avenida, assumindo volume semelhante aos já existentes
nas ruas a oeste.
No outro extremo,
junto à rua Teodoro Sampaio, objetiva-se criar um "pano de fundo"
para o Novo Largo de Pinheiros, reforçando a presença deste
espaço na paisagem. Assim, determinou-se que nos lotes lindeiros
à Rua Teodoro Sampaio, no trecho defronte ao Largo, as torres sejam
geminadas nas laterais e respeitem alinhamentos e gabaritos definidos;
o térreo, de uso comercial, poderá ocupar 70% do lote e geminar
nas laterais, guardando porém, um recuo frontal de 5m, que deverá
ser tratado como continuidade da calçada.
5.2. Quadras
lindeiras às praças
Junto ao Novo
Largo de Pinheiros e à Praça da Cooperativa busca-se configurar
quadras compactas, com taxa de ocupação de até 0,7,
onde térreo e sobreloja comerciais formem um bloco único
e contínuo, garantindo junto às praças usos mais intensos
nos térreos, sobre o qual implantam-se torres de escritórios
ou apartamentos. O térreo e sobrelojas comerciais estarão
posicionados ora no alinhamento, ora recuando o pavimento térreo
até um novo alinhamento proposto para ganho de calçadas,
ainda que mantendo o alinhamento na sobreloja. O uso comercial nos térreos
e recuos cedidos e tratados como calçadas seriam premiados com descontos
na cessão do potencial adicional de edificação.
Estes recuos
dos pavimentos térreos incorporados às calçadas deverão
ser estimulados por lei e sugere-se que, ainda que cobertos pela sobreloja,
sejam contados como área livre para a T.O.
Os edifícios
erguidos sobre o volume comercial deverão ser recuados e afastados
uns dos outros garantindo iluminação e ventilação
adequadas, contudo, recomenda-se que quando as novas torres forem erguidas
ao lado de edifícios existentes que apresentem empenas cegas deverão
ser geminadas com estes cobrindo as empenas existentes.
5.3. Corredor
da rua Sumidouro
As vias que
abrigam grande fluxo de ônibus são elementos importantes na
definição da paisagem urbana percebida pelos cidadãos
que os percorrem. A rua Sumidouro, pela qualidade de via de acesso dos
ônibus ao terminal (prevendo-se a passagem de 1 ônibus a cada
25 segundos), praticamente configura um corredor de ônibus. A proposta
de se destinar ruas ao tráfego intenso de ônibus deve ultrapassar
a simples solução viária e se anteciparão enquanto
processo de deterioração urbana que este grande fluxo causa.
Nesse sentido
propomos que a Prefeitura indique as quadras lindeiras à rua Sumidouro
como setores de intervenção prioritária, concebendo
um anteprojeto esquemático de aproveitamento da área e estabelecendo
uma base inicial de negociação entre futuros investidores
e proprietários dos imóveis atingidos. Assim, poder-se-ia
redesenhar tais áreas minimizando o impacto gerado pelo enorme fluxo
de ônibus, impedindo a desvalorização dos imóveis
lindeiros e garantindo à população uma paisagem referencial
de boa qualidade, devendo-se também confirmar a vocação
habitacional como uma das estratégias de evitar a expulsão
da população de baixa e média renda presente no local.
5.4. Corredor
da rua Butantã
Ao longo de
toda a rua Butantã, dos dois lados, pretende-se manter um conjunto
contínuo e compacto de edificações com o uso comercial
no térreo.
A grande quadra
de Z4 lindeira à rua apresenta o parcelamento do solo muito diversificado.
Recomenda-se que seja estabelecido um cone de visualização
da torre da Igreja de Monte Serrat a partir das pontes, dentro do qual
um gabarito máximo de 18 metros seja respeitado.
Além
de compor o binário relativo aos ônibus que saem do terminal
em direção à rua Teodoro Sampaio, a rua Butantã
se configurará num importante eixo de ligação entre
os centros dos bairros de Butantã e Pinheiros, promovido pela transformação
da pista da ponte Bernardo Goldfarb em calçada de pedestres. Tal
percurso deverá ser qualificado pela ampliação da
calçada de um dos lados da Butantã, com largura prevista
de quase 8m, minimizando o impacto do grande fluxo de ônibus. A dimensão
generosa desta calçada permitirá ainda abrigar algum comércio
ambulante, disciplinado e regularizado, removendo as barracas de ambulantes
presentes na outra calçada, cuja largura (de 3m) é insuficiente
para abrigar tal uso.
5.5. Quadras
entre ruas Sumidouro e Paes Leme
Para este setor
propomos um gabarito máximo de 18m, de forma a preservar a Igreja
N. Sa. Monte Serrat como marco referencial na paisagem do bairro para quem
olha a partir (do outro lado do rio) do bairro de Butantã e da Marginal
Pinheiros. Propomos um CA. máximo de 3 e TO. de 0,7, a fim de manter
a ocupação característica desse setor com construções
no alinhamento, com térreos predominantemente comerciais, estimulando
a permanência de um comércio de madeiras e ferragens já
tradicional nesta área.
5.6. Setor
entre ruas Fernão Dias e Costa Carvalho
A presença
de quadras muito extensas, pontuadas por vilas residenciais e vielas estreitas,
e a grande descontinuidade da malha viária em um dos eixos, faz
com que a verticaiização desse setor deva ser mais controlada.
Sugerimos promover um adensamento menor adotando um CA. máximo de
3 , visto que o tráfego desse setor teria a rua Sumidouro como canal
de escoamento natural para a Marginal Pinheiros, conflitando com o fluxo
de ônibus previsto nesta via. Propomos ainda a adoção
de T.O. de 0,7, que poderia gerar edificações mais baixas,
com escala compatível com os edifícios horizontais ainda
bastante presentes na área.
5.7. Setor
Faria Lima/Cardeal Arcoverde/Eusébio Matoso/Butantã
A proposta
é a de configurar toda uma área delimitada pelas ruas Cardeal
Arcoverde, Teodoro Sampaio e pelas avenidas Faria Lima e Eusébio
Matoso como setor favorável aos novos empreendimentos beneficiados
pela operação urbana com privilegiada acessibilidade tanto
para automóveis como para passageiros e pedestres.
Para tanto,
determina-se a inversão da mão deste trecho da rua Cardeal
Arcoverde de modo a fechar um anel contínuo por todo o perímetro
descrito.
Ao longo do
trecho final da rua Cardeal Arcoverde, entre a rua Teodoro Sampaio e avenida
Eusébio Matoso, nos dois lados, pretende-se estimular a ocupação
por torres de escritórios de médio porte, nos moldes dos
que têm sido empreendidos ao redor da rua Diogo Moreira (torre isolada
de escritórios).
A retirada
de todas as linhas de ônibus que trafegam hoje pela rua Cardeal Arcoverde
permite sua integral recuperação. Os grandes lotes e sua
privilegiada acessibilidade permitem acreditar que o mercado imobiliário
logo cuidará de sua integral renovação.
5.8. Setor
Cunha Gago
A proposta
de ocupação edilícia para a rua Cunha Gago procura
fazer a transição entre o modelo de ocupação
proposto para a av. Faria Lima e os usos e modelos já presentes
na rua Cunha Gago. A fim de estimular o comércio presente na área,
determinou-se um térreo com ocupação de até
0,7 do lote, e o CA. de 4 é alcançado por torre isolada,
sobre o volume comercial, tipologia similar ao contexto da av. Faria Lima.
Esta rua vem
apresentando novos e diversificados investimentos de diferentes usos e
de bom padrão. A proposta busca consolidar este processo e garantir
calçadas generosas e animadas compatíveis com a intensificação
e adensamento provável.
5.9. Quadras
Lindeiras à Rua Teodoro Sampaio
Ao longo do
primeiro trecho da rua Teodoro Sampaio, diante do novo shopping, na quadra
situada entre a rua Sebastião Gil e a Teodoro propõe-se que
os edifícios possam usufruir do CA. = 4 desde que ao ocupar 0,7
do terreno cedam 6,0 metros como recuo frontal incorporado à calçada
da Teodoro e 5,0 metros incorporado à calçada da Sebastião
Gil.
Deste modo,
procuramos controlar o gabarito da rua mantendo-o semelhante ao dos edifícios
existentes, com cerca de 30 metros de altura.
Este recuo
frontal, como os adotados em outros setores, desde que sejam tratados como
extensão da calçada, podem ser contados como área
livre para efeito de cálculo da TO e premiados com descontos nos
custos da outorga de coeficientes adicionais de potencial construtivo.
.Indice
6. Intervenções
futuras
As mudanças
propostas na organização do tráfego e dos itinerários
de ônibus acabarão alterando a situação de segmentos
do bairro que encontram-se prejudicados em sua acessibilidade. O adensamento
esperado e o consequente aumento do tráfego de veículos exigirá
no futuro a abertura de novas vias e o alargamento de outras.
Sugere-se:
o registro da diretriz de abertura de uma via articulando a rua Ferreira
de Araújo até a Jorge Rizzo; a abertura de um acesso entre
a rua Diogo Moreira e a rua dos Cariris; o alargamento da rua Amaro Cavalheiro
entre as ruas Paes Leme e Butantã.
Estes alargamentos
poderão ser feitos a longo prazo.
.Indice
DESCRIÇÃO
DO NOVO LARGO DE PINHEIROS
Vista do
Largo
O desenho
desta praça busca confirmar o local como novo centro distrital,
reforçando sua condição privilegiada de acessibilidade
(metro, ônibus, avenida, "calçadas privilegiadas") e de espaço
de reunião de importantes referenciais urbanos (a praça da
igreja, do metro, da regional/subprefeitura, do comércio e dos serviços
diversificados - bancos, flats, hotéis, etc).
Deste modo
o projeto busca conciliar fluxos e comodidades, a circulação
intensa e confortável de pedestres, fluxos de veículos com
lugares de estar e descanso aprazíveis e animados, através
de espaços que se interconectam em vários níveis.
A praça
rebaixada do Novo Largo de Pinheiros procura:
• criar acesso
generoso e interessante à Estação do Metro e ao estacionamento
subterrâneo;
• articular
o Novo Largo de Pinheiros e a Praça da Cooperativa Agrícola
de Cotia sob a avenida Faria Lima;
• criar um
espaço ativo, intensamente utilizado para a circulação
e estar dos pedestres sem obstar a
visualização
da Igreja de Monte Serrat a partir da avenida Faria Lima;
• criar um
espaço de estar resguardado do barulho e do movimento de automóveis
e ônibus ao redor do
Largo.
Configurar
diferentes espaços, articulados com fluidez e continuidade: o Largo
de Pinheiros original; a praça da Igreja; a praça da Administração
Regional; a praça da Estação do Metro; a calçada
generosa junto à Faria Lima; o espaço de percursos e fluxos
de outras vias que para lá convergem; e o lugar de estar junto aos
bares, cafés e restaurantes.
A Administração
Regional de Pinheiros poderá se constituir no espaço articulador
de parcerias entre poder público e sociedade para o incremento de
atividades comerciais, sociais e culturais, estimulando a participação
da população na gerência de sua cidade.
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DESCRIÇÃO
DA PRAÇA DA COOPEERATIVA AGRÍCOLA DE COTIA
Onde hoje se
encontra a estrutura abandonada do Shopping CAC será conveniente
a construção de um shopping completo com lojas, serviços
e cinemas cuidando de aproveitar as possibilidades singulares do contexto
urbano no qual se insere e, ao mesmo tempo, cuidando de contribuir com
a qualificação deste mesmo contexto.
Sugere-se:
• que o shopping
guarde generosos recuos para a rua Teodoro Sampaio e para a avenida Faria
Lima como
mostrado no
desenho de modo a acomodar todo o fluxo de pedestres que circulam por ali
acessando a Estação do
Metro ou as
linhas de ônibus que servem a avenida;
• que as lojas
no térreo deste shopping abram vitrines a acessos diretamente para
os espaços públicos
ao seu redor
e que sejam recuadas em relação as fachadas do shopping (5
metros) formando ao seu redor uma
"loggia"coberta
e resguardada;
• que sobre
o shopping seja erguida uma torre de escritórios (ou flat) contribuindo
para a diversidade de usos
e para a sua
condição de referencial na paisagem do setor;
• que os restaurantes,
cafés, lanchonetes ou sorveterias do shopping estivessem voltados
para a Praça
da Cooperativa,
abrindo visuais e acessos para ela.
A calçada
noroeste da rua Cardeal Arcoverde deverá ser alargada pela supressão
de uma das pistas do leito carroçável articulando de modo
generoso e animado o percurso até o calçadão (proposto)
da rua Edson Dias e a Praça dos Omaguás onde situam-se a
FNAC e a ACM.
A rua Dr. Manuel
Carlos de Almeida deverá ser extendida gerando uma pequena desapropriação
permitindo a ligação entre a rua Cardeal Arcoverde e a rua
Teodoro Sampaio. Esta ligação permitirá o acesso de
veículos ao shopping e ao Mercado de Pinheiros.
Nas quadras
ao redor da praça determina-se a edificação de volumes
térreos, adequados à implantação de estabelecimentos
comerciais que possam reforçar o caráter comercial desta.
No centro da
Praça, sob uma alta e transparente cobertura, sugere-se a implantação
de um bar/café que atenda as pessoas que circulam por ali.
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BIBLIOGRAFIA
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da cidade Estatuto da cidade :guia para implementação pelos
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BDP
92/ Base de dados para planejamento São Paulo
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