.AUP 272 
.Trabalhos de alunos

AUP 272
2ºsem 2003

LAPA: reintegração
Cíntia Yuri Eto | Juliana Azevedo | Maria Carolina Teixeira | Nashira Mehen-Sá | Silvia Kee
cd,04.12.6




Distritos



m2-transp-exst

Transportes existentes


m3-rios


Rios e alagamentos


m4-toppo


Topográfico



m5-ar-mun


Áreas municipais



Zoneamento atual


Zoneamento atual


Uso do solo


Uso do solo atual



m8-verticaliz


Verticalização


m9-adensam


Adensamento







Centralidades




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Metrô proposto/ local




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Metrô proposto/ rede





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Parque proposto




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Uso do solo proposto




São Paulo contou com o aumentou intensivo de suas áreas e população nos últimos dois séculos. Avançada agricultura mercantil, migração interna e externa e o crescimento do mercado consumidor resultaram no desenvolvimento da atividade fabril que ocasionou grandes transformações, uma vez que a configuração das cidades está profundamente vinculada à organização de sua sociedade e às relações sociais advindas dos processos produtivos.

A partir da década de 1880-90 houve uma crescente diversificação de funções devido às profundas modificações sociais trazidas pela cafeicultura e, posteriormente, pela industrialização, causa principal do crescimento e da transformação da paisagem em São Paulo – de pacato vilarejo a caótica metrópole. A expansão industrial ao longo da ferrovia facilitava o escoamento das mercadorias e se deu particularmente nas zonas de várzea dos rios Tietê e Tamanduateí. Elas definiram os primeiros bairros industriais, com grande concentração do operariado, que residia contíguo ao seu local de trabalho. Os primeiros bairros operários se instalaram nas áreas mais baixas da várzea, onde o terreno era mais barato, ocupando, primeiramente, as proximidades do Tamanduateí seguindo, com o crescimento, o eixo das ferrovias Sorocabana e Santos-Jundiaí, formando núcleos nas proximidades das estações ou ao longo da via férrea.

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Lapa, Água Branca, Barra Funda, Brás, Cambuci, Moóca e Tatuapé estão entre as primeiras
zonas industriais de São Paulo. Áreas interligadas pela ferrovia, sem serviços públicos, com cortiços, vilas operárias, casas coletivas e de aluguel, conformavam-se como as primeiras grandes zonas suburbanas de São Paulo.

Em 1925 as áreas funcionais da cidade já estavam determinadas. O centro se caracterizava como pólo comercial varejista enquanto a várzea do Tamanduateí e do Tietê como pólo industrial e comercial atacadista, onde o comércio setorial se desenvolveu em determinadas ruas, definindo núcleos bem caracterizados.

O caminho do trem foi um dos fatores que dirigiu a divisão territorial de São Paulo e um dos principais responsáveis pela locação das áreas operárias. A ferrovia foi o fator preponderante na localização das indústrias, criando ao seu redor um corredor compacto de galpões, fábricas e residências proletárias. O trem foi chave para formação do espaço da Lapa especificamente mas, como nos demais bairros, ele agora interfere diretamente na área que se urbanizou e se integrou com o resto da malha viária da cidade, não sendo mais uma área tão distante e de características industriais.

São Paulo, hoje, não mais se caracteriza como pólo industrial, mas sim como um pólo de serviços. As indústrias abandonaram suas antigas áreas que agora estão subutilizadas, principalmente nos corredores formados pela linha do trem e que são já dotadas de ampla infra-estrutura e serviços. Estas áreas, porém, são extensas e localizadas em importantes regiões da cidade.

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As novas atividades trazem novas formas de apropriação do espaço. Mas, enquanto elas se desenvolvem no mesmo ambiente em que uma outra atividade já se instalou, o espaço estará sempre embasado de alguma forma na ocupação anterior, servindo como referência. Deve ocorrer uma continuidade de elementos importantes que são característicos da região, tomando cuidado para não descaracterizar a área de todo o seu contexto histórico mas, ao mesmo tempo, adequando-a ás novas necessidades. O que se deve fazer é uma revisão de todo o sistema viário e suas áreas adjacentes, visando a requalificação desses bairros cortados pela ferrovia. O trecho em questão nesse trabalho se vê frente a novos usos e ocupações, que precisam de novas intervenções para se adequar à cidade.


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LAPA

Desde o início do processo de metropolização da cidade de São Paulo o bairro da Lapa se estruturou como importante pólo centralizador da região oeste da cidade. Teve seu desenvolvimento ligado à implantação das ferrovias e subseqüentemente das indústrias e, embora grande parte das indústrias tenha abandonado a área há muito, deixando subutilizadas uma enorme área adjacente à ferrovia, esta ainda se mantém como principal meio de ligação de zonas mais afastadas à Lapa e a partir dela a outras áreas da cidade, principalmente ao centro.

Desta forma, a Lapa apresenta-se entre um dos mais importantes pólos de São Paulo, funcionando como principal elo de ligação entre bairros e municípios mais afastados e o centro da cidade. Cumprindo também a função de centro de abastecimento, comércio e serviços da região do extremo oeste da cidade.

Desde o início do processo de metropolização da cidade de São Paulo o bairro da Lapa se estruturou como importante pólo centralizador da região oeste da cidade. Teve seu desenvolvimento ligado à implantação das ferrovias e subseqüentemente das indústrias e, embora grande parte das indústrias tenha abandonado a área há muito, deixando subutilizadas uma enorme área adjacente à ferrovia, esta ainda se mantém como principal meio de ligação de zonas mais afastadas à Lapa e a partir dela a outras áreas da cidade, principalmente ao centro.

5  LAPA

A área da Lapa encontra-se deteriorada, abandonada em grande parte, porém não por uma má localização dentro da cidade ou mesmo por falta de infra-estrutura . A região apresenta-se relativamente bem servida de atrativos, como áreas institucionais e comerciais importantes, largamente utilizadas, mas mesmo assim não apresenta todas as suas qualidades bem exploradas.

A Lapa se vê num processo de mudança no caráter principal do bairro, se apresentando ao resto de São Paulo como mais um bairro de uso misto, mesclando residências e comércio local, serviços e áreas institucionais.

Encontram-se na região, locais tradicionais para a cidade como o mercado da Lapa e os galpões que abrigavam as indústrias e áreas importantes regionalmente, como o Liceu, a Estação Ciência, um novo terminal de ônibus, o SESC Pompéia, relativamente próximo, e a Rua 12 de outubro, rua de comércio varejista de grande volume. O que mais se destaca, porém, é a linha do trem que transformou-se em uma barreira física importante que praticamente inviabiliza o acesso entre a área contígua a ela e à marginal. Essa faixa formada é a mais afetada, potencializando os problemas que afetam a região.

A mudança no caráter do bairro já deixou áreas abandonadas, pois as indústrias que se mudaram não acharam substitutos para a utilização de suas antigas instalações. A área se torna ainda menos atrativa, pois perdeu sua função, é inacessível e isola-se, ainda que esteja no meio da cidade.

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O sistema viário

Para tornar a região menos isolada há a necessidade de transpor a linha do trem, como ela se apresenta hoje. A grande concentração de transportes coletivos aparece de forma antagônica em relação à dificuldade de acesso à região. A proposta, porém, seria o rebaixamento da linha, que se uniria ao sistema de metrô e, a partir dali, sairia a linha do trem. A Lapa encontra-se com o seu sistema viário precário e labiríntico, a falta de vias alternativas paralelas às marginais é evidente nessa região, sobrecarregando ainda mais a marginal. A malha urbana do bairro se mostra confusa e desconexa do resto da cidade, resultando em um tráfego entroncado com nichos de acesso complicados. Propõe-se então uma nova via paralela à marginal, para escoar o tráfego passageiro mais rapidamente, tornando as ligações com a região mais diretas. Para resolver o tráfego local novas vias serão abertas, mais de acordo com a escala do traçado restante da malha urbana.

Quanto ao transporte coletivo de massas, ao se retirar a linha do trem, essa será apenas rebaixada, ligando-se á malha metroviária. Dentro de todos os planos estudados, nenhuma solução com uso do metrô foi proposta para a Lapa – o que causa certo espanto, visto que a região é uma importante área de ligação a regiões periféricas da cidade, recebendo um grande volume de passageiros, em grande parte, destinados ao centro.

7  Metrô

A rede de metrô proposta faz a extensão da linha vermelha Barra Funda – Corinthians Itaquera, até Osasco, passando pela Lapa. A linha verde Ana Rosa – Vila Madalena será extendida até Pirituba, cruzando a nova linha Osasco – Corinthians Itaquera. Usando como base a proposta do PITU 2020 para o metrô, uma nova linha  proposta formará uma arco do ligação com o eixo norte-sul do metrô com as novas extensões do metrô. A linha férrea será extinta dentro do perímetro urbano mais adensado, servindo somente – em superfície – às regiões periféricas.

Esta nova malha tem como objetivo desafogar o volume de pessoas apenas de passagem pela Sé. Tornando, assim, a comunicação entre as extremidades das linhas mais rápida,  formando uma malha mais densa, ao invés de somente prolongar as existentes.

A Lapa, abrigaria agora, uma importante estação de conexão entre diversas linhas. Isso ressaltaria ainda mais o papel de centralidade dela.



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Essa junção aumentará consideravelmente a capacidade de transporte de massa da região, facilitando o acesso ao centro de regiões mais distantes, promovendo um meio mais rápido de acesso á Lapa. Haverá um decréscimo na quantidade de linhas de ônibus destinadas à região, os itinerários que apenas fazem a ligação do bairro com o resto da cidade serão menos requisitados, podendo até mesmo serem eliminados, tornando-se mais importantes aqueles que distribuem a população por áreas mais regionais. Ao colocar-se a opção do metrô, haverá uma conseqüente diminuição no número de ônibus e carros nas vias, melhorando o tráfego local.

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Parque

Superada a barreira física com o rebaixamento da linha férrea, a faixa compreendida entre a marginal e a ferrovia abre-se para a cidade como uma área de grande potencial para o desenvolvimento das diversas atividades inerentes à vida urbana. O zoneamento proposto busca integração entre essas atividades atentando para as potencialidades e tendências de cada espaço. Assim, áreas residências foram locadas em continuidade com a malha já existente, o comércio irradia-se de um ponto focal que é o mercado da Lapa e com atividades institucionais em terrenos a beira do rio e dentro de um parque.

O bairro deverá ter um uso misto, mesclando habitação, comércio e serviços. Será proposta uma área de habitação popular, mesclada à continuação de bairros de classe média e verticalizados, como Pompéia e Perdizes.

Para que a população de mais baixa renda não seja expulsa da região perpetuando a periferização, os apartamentos populares funcionarão por direito de uso – garantindo que a habitação não seja revendida, mas sim mantenha-se nas mãos de seu proprietário inicial, confirmando seu caráter social.

Com a provável afluência de capital imobiliário decorrente da integração de uma área plena de infra-estrutura potencializada pela instalação de uma estação de metrô, buscou-se controlar o ímpeto imobiliário através da reserva de terras verdes institucionais, formando um parque que estrutura toda a área de intervenção, ligando a Barra Funda à Vila Leopoldina. A delimitação do parque foi feita através da incorporação de terrenos onde se  localizam galpões de interesse histórico ou arquitetônico a serem  convertidos em equipamentos institucionais variados condizentes com a centralidade do bairro, como por exemplo, escolas, creches e museus. Sendo esta uma região que sofre com problemas de alagamento a grande área destinada ao parque traz mais locais de solo permeável, auxiliando na drenagem da água de chuva. Considerando-se o estado atual do verde na região, a criação de um parque viria a suprir também a demanda da população por áreas de lazer. Desse modo, o parque toma para si uma escala regional não apenas servindo à população dos arredores.

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Galpões

Adjacente à área do parque, margeando o Rio Tietê uma área de galpões será remodelada como um grande complexo de ensino profissionalizante, abrangendo as mais diversas profissões. O complexo serviria, além da própria população residente, também à população de áreas mais periféricas, que agora contaria com mais fácil acesso à Lapa.

A escolha pela instalação de uma escola técnica, e não uma universidade, por exemplo, foi feita visando atender as necessidades da população local, servindo não somente como  equipamento de atração de pessoas externas à região.

Vindo um dia o rio a ser despoluído e a necessidade de áreas de lazer linderias a ele surgir, os terrenos institucionais poderiam tornar-se continuidades do parque proposto. A escola instalaria-se então em construções novas, mais verticalizadas, mas ainda dentro do mesmo terreno.

Com toda as remodelações propostas, a instalação de escritórios empresarias parece certeiro. Sua instalação poderia reverter o foco atual de crescimento sudeste da cidade, para uma área mais central, de alto potencial, já provida de boa infra-estrutura. Um zoneamento rigoroso visaria controlar a instalação e expansão dessas empresas no local, evitando a descaracterização da área e expulsão de sua população. Isso evitaria que grandes áreas lindeiras à marginal fossem reservadas ao benefício de poucos particulares.


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A integração da área de estudo à malha urbana circundante através da remoção da barreira física do trem e à cidade como um todo através da ligação por metrô democratiza a utilização de um bairro tradicional da cidade completamente inserido na malha urbana mais densa e abundante em infra-estrutura.

Com a expansão da rede de metrô, a potencialização da centralidade da Lapa para as regiões de Osasco, Pirituba e arredores é reforçada pela alocação de equipamentos institucionais, destacando-se o centro profissionalizante como catalisador do processo de inclusão social. Atua também nesse sentido a determinação de terrenos para habitação popular de gabarito médio dentro da área de estudo.

O remodelamento da área lindeira ao Tietê e à ferrovia recupera para à cidade um trecho de uso eminentemente industrial dotando-o de equipamentos que complementam e ampliam a importância que a Lapa já tem para a zona oeste e toda a cidade.



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