Implicações
sócio-econômicas da Independência
As elites nativas não se erguiam contra a estrutura da sociedade colonial. Mas, contra as implicações econômicas, sociais e políticas do estatuto colonial, pois este neutralizava sua capacidade de dominação em todos s níveis da ordem social. Por conseguinte, a natureza e o alcance revolucionários da Independência ... se objetivaram na obstinação e na eficiência com que aquelas elites se empenharam na consecução de dois fins políticos interdependentes: a internalização definitiva dos centros de poder e a nativização dos círculos sociais que poderiam controlar esses centros de poder. Assim, sem negar a ordem imperante na sociedade colonial e reforçando-a, ao contrário, as elites atuaram revolucionariamente ao nível das estruturas do poder político, que foram consciente e deliberadamente adaptadas às condições internas de integração e funcionamento daquela ordem social. Dessa perspectiva, a Independência
supunha, lado a lado, um elemento puramente revolucionário e outro
elemento especificamente conservador. (...) O
estatuto colonial foi condenado e superado como estado político-jurídico.
O mesmo não sucedeu com o seu substrato material, social, e moral,
que iria perpetuar-se e servir de suporte à construção
de uma sociedade nacional.
|
|