Folha
de S Paulo,
02.3.8:B-11
CARROS
Indústria reclama de que
necessidade
de aprovação de Argentina e Uruguai para a
redução
de tarifas limita vendas
Mercosul
trava exportações,
diz Anfavea
LÁSZLÓ
VARGA
DA
REPORTAGEM LOCAL
O Brasil poderia exportar muito
mais veículos
para países como o México, não fosse a necessidade
de o governo brasileiro precisar da aprovação da
Argentina
e Uruguai para fechar acordos externos de redução
tarifárias.
A crítica foi feita ontem por Ricardo Luiz dos Santos Carvalho,
presidente da Anfavea (Associação Nacional dos
Fabricantes
de Veículos Automotores), ao se referir aos problemas que o
país
enfrenta para se entender com o Mercosul.
"Há meses o México
e o Brasil já
se entenderam para reduzir progressivamente os impostos de
importação
de veículos brasileiros de 23% para 8%. Mas o acordo não
sai por causa da situação delicada da Argentina e seus
receios
com alguns entendimentos comerciais", desabafou Carvalho.
Um dos entraves para o acordo em
bloco do México
com o Mercosul seriam as exigências que o governo mexicano faz
para
que os países do Cone Sul abram suas fronteiras para produtos
químicos
e eletroeletrônicos. Trata-se de uma contrapartida diante do bom
desempenho que o Brasil tem registrado nas vendas de veículos,
chassis
e autopeças para o México. "Nossas
exportações
para aquele país cresceram de US$ 348 milhões para US$
1,113
bilhões entre 1998 e 2001, enquanto as vendas do México
para
o Brasil se expandiram de US$ 131 milhões para US$ 208
milhões."
Carvalho afirmou que já
existe um superávit
a favor do Brasil em produtos automotivos, e os mexicanos querem
compensar
exportando outros produtos para cá. "Mas a
situação
frágil da Argentina atrapalha a aprovação dos
acordos
bilaterais. Isso apesar de que a própria Argentina seria
beneficiada
com maiores facilidades para exportar veículos."
Carvalho afirmou que não
estava criticando
o Mercosul, mas levava em consideração que "os
países
do bloco não podem prejudicar os acordos internacionais do
Brasil".
Ele lembrou que a Argentina teve um superávit de US$ 600
milhões
nas vendas de veículos, máquinas agrícolas e
autopeças
para o Brasil em 2001, contra os US$ 200 milhões de 1998. Isso
porque
a Argentina tem enfrentado uma brutal queda de poder aquisitivo nos
últimos
anos e direcionado a produção para cá.
Retomada das
exportações
Apesar dos problemas de
entendimento com o Mercosul,
as montadoras brasileiras conseguiram aumentar suas
exportações
em unidades em 27,1% em fevereiro, em relação a janeiro
passado.
O número de veículos somou 23.288 unidades, o equivalente
a US$ 240,6 milhões. Nos dois primeiros meses de 2002, o total
atingiu
41.610 veículos.
Houve retração de
1% sobre as 42.032
unidades do primeiro bimestre de 2001, pois naquele período a
economia
global estava aquecida. Já as exportações de
máquinas
agrícolas aumentaram 34,6% em janeiro e fevereiro em
relação
ao mesmo período de 2001.