O presidente e sua equipe afirmaram, à exaustão, que
a crise de energia elétrica não era consequência de
falta de investimentos, mas da pura má vontade de são Pedro.
Mais recentemente, entretanto, o mesmo Fernando 2º informou a população
sobre a adoção de um programa de emergência para solucionar
a crise, ou seja, um plano de investimentos de US$ 32 bilhões.
(...)
Uma vez que se abandona a preferência pela abundante reserva
hídrica nacional em benefício da termogeração,
convém analisar as diferenças essenciais entre as duas opções.
A geração hidroelétrica é intensiva em capital,
ou seja, os custos de investimentos são elevados, porém os
custos da energia produzida são baixos. A geração
térmica a gás tem baixos custos de investimentos e energia
cara. Outra diferença importante é relativa aos tempos de
maturação e de retorno do investimento, que são muito
menores para esta última opção.
Ora, a empresa privada, nessas condições, prefere
necessariamente a termogeração, principalmente se esta puder
ser usada na base, ou seja, ininterruptamente, para aumentar o faturamento.
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Eis, em resumo, o esquema de sucessivos constrangimentos que
resultaram no apagão. O projeto político neoliberal exige
a privatização dos grandes blocos de empresas estatais que
incluem o setor de geração de energia elétrica. Para
tornar atraente o segmento de geração para a iniciativa privada,
principalmente para o capital externo, é preciso mudar a base da
geração para opções que se caracterizem por
investimentos iniciais menores e tempos mais curtos de maturação
e retorno do capital. Como consequência, é necessário
reverter a opção por hidrelétricas na base do sistema
de geração por termelétricas a gás.
Como, entretanto, o empresariado desconfia do mito do gás
da Bolívia, como o gás do Peru é pouco, o brasileiro
é associado ao petróleo e disperso, o da Argentina está
comprometido com o consumo interno e o da Venezuela _esse realmente abundante_
é praticamente inacessível, a iniciativa privada hesita.
E com o bloqueio de investimentos estatais devido ao novo modelo, nem Estado
nem iniciativa privada investem o necessário para acompanhar o crescimento
da demanda.
Em resumo, o apagão é, em última análise,
consequência inexorável do modelo neoliberal desvairado adotado
pelo governo de Fernando 2º.
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