O
dito e o
não dito
2001.8.29
Gasobesteirol
Dito
Folha de S Paulo, 01.8.29:A-3
 
O gasobesteirol desvenda o apagão 

ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE


 
 
 
 

O apagão é, em última análise, consequência inexorável do modelo neoliberal desvairado 
 adotado pelo governo 


O presidente e sua equipe afirmaram, à exaustão, que a crise de energia elétrica não era consequência de falta de investimentos, mas da pura má vontade de são Pedro. Mais recentemente, entretanto, o mesmo Fernando 2º informou a população sobre a adoção de um programa de emergência para solucionar a crise, ou seja, um plano de investimentos de US$ 32 bilhões.

(...)

 Uma vez que se abandona a preferência pela abundante reserva hídrica nacional em benefício da termogeração, convém analisar as diferenças essenciais entre as duas opções. A geração hidroelétrica é intensiva em capital, ou seja, os custos de investimentos são elevados, porém os custos da energia produzida são baixos. A geração térmica a gás tem baixos custos de investimentos e energia cara. Outra diferença importante é relativa aos tempos de maturação e de retorno do investimento, que são muito menores para esta última opção.

 Ora, a empresa privada, nessas condições, prefere necessariamente a termogeração, principalmente se esta puder ser usada na base, ou seja, ininterruptamente, para aumentar o faturamento.
 


  Eis, em resumo, o esquema de sucessivos constrangimentos que resultaram no apagão. O projeto político neoliberal exige a privatização dos grandes blocos de empresas estatais que incluem o setor de geração de energia elétrica. Para tornar atraente o segmento de geração para a iniciativa privada, principalmente para o capital externo, é preciso mudar a base da geração para opções que se caracterizem por investimentos iniciais menores e tempos mais curtos de maturação e retorno do capital. Como consequência, é necessário reverter a opção por hidrelétricas na base do sistema de geração por termelétricas a gás.

 Como, entretanto, o empresariado desconfia do mito do gás da Bolívia, como o gás do Peru é pouco, o brasileiro é associado ao petróleo e disperso, o da Argentina está comprometido com o consumo interno e o da Venezuela _esse realmente abundante_ é praticamente inacessível, a iniciativa privada hesita. E com o bloqueio de investimentos estatais devido ao novo modelo, nem Estado nem iniciativa privada investem o necessário para acompanhar o crescimento da demanda.

 Em resumo, o apagão é, em última análise, consequência inexorável do modelo neoliberal desvairado adotado pelo governo de Fernando 2º.
 

Não dito
Nos países centrais, a tentativa neoliberal de recompor o ãmbito do 'mercado' não implica no enfraquecimento da infraestrutura que serve -- ao mesmo 'mercado', isto é, à estrutura produtiva composta por capitais individuais.

 Leitura  O mercado e o Estado


 
Questão
Tem o neoliberalismo, no Brail, o mesmo teor e a mesma função que nos países 'centrais'? 

 
Contraponto
Neo-liberalismo, no Brasil, é reprodução dos entraves ao desenvolvimento.

Leitura  GLobalização ou crise global?

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  Energia elétrica
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