....2003.5.28
Mercado, Estado e ideologia
.......Neoliberalismo
oA reforma da previdência
Folha de S Paulo, 3.5.28:A3
"Reformar para quê?"
Luiza N Eluf
 Reforma da previdência

Um país que despreza o funcionalismo público não consegue prestar, condignamente, os serviços que lhe são essenciais.
(...)
As aposentadorias integrais, garantidas pela Constituição Federal aos servidores do povo, sempre foram um grande atrativo para (...) fazer carreira nas universidades públicas, no Judiciário, no Ministério Público, na Procuradoria do Estado, nas polícias, nas Forças Armadas. Embora fossem ganhar menos do que os corajosos que se aventuram na iniciativa privada, grandes valores da intelectualidade brasileira optaram pelo serviço público por duas razões fundamentais: estabilidade e aposentadoria integral.
(...)
Os marajás do funcionalismo, perseguidos pela primeira vez por Collor, são pouquíssimos. Tornaram-se mais bem pagos do que os seus colegas em razão de legislação que permitiu isso. Não foram os "marajás" que escreveram as leis que os criaram, mas os políticos, que hoje transferem-lhes todas as culpas.

Para esclarecer melhor, exemplifico. Quando a nova capital do Brasil foi construída no meio do Estado de Goiás, poucos eram os funcionários públicos dispostos a trocar suas cidades pelo cerrado. A equipe de Juscelino Kubitschek, então, criou uma lei que possibilitava o pagamento do salário em dobro para os que se dispusessem a mudar para a capital federal. Hoje em dia esse expediente não é mais necessário. É fácil acabar com os marajás. Basta eliminar as leis que os criaram, impossibilitando o surgimento de novos funcionários superpagos; mas não é justo sacrificar o conjunto dos servidores públicos invocando a situação excepcional de meia dúzia deles.

Se a Previdência está endividada, será mais inteligente procurar formas humanas de reformá-la, cobrando de quem deve muito e pode pagar, em vez de sacrificar as classes média e baixa, já tão espoliadas, e desqualificar o funcionalismo público.



 
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