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Csaba Deák
Em busca das categorias da produção do espaço
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PREFÁCIO
 

Categorias são formas de ser, características da existência
Marx                      
Durante o período de meu aprendizado formal, da escola primária à universidade, vivi em países pertencentes a três diferentes ‘mundos’: a Hungria, a França e o Brasil. Com isso adquiri experiência vivida em uma sociedade socialista (a Hungria), em um país capitalista ‘avançado’ (a França) e na ‘periferia’ do capitalismo (o Brasil). Essa vivência determinou, em boa medida, e sem que eu mesmo me desse conta, à época, meu programa intelectual a cumprir. A saber: teria de formar uma visão do mundo que desse conta daqueles três tipos de sociedade, tanto entendidos cada um em separado, como vistos os três em conjunto. Boa parte de meu trabalho – especialmente na pesquisa e no ensino – foi investida na formalização de tal visão do mundo – e seus estágios principais correspondem bastante de perto aos estágios de elaboração dessa formalização.

O período até o mestrado, este inclusive, corresponde à elaboração de um arcabouço racionalista que, no seu limite, acabou impondo a necessidade de sua própria superação, o que provocou a inserção nesse arcabouço, na undécima hora, de um esboço de sua crítica. Já o doutorado orientou-se claramente para o domínio do materialismo dialético e da crítica da Economia Política, com a vantagem de ser desenvolvido no próprio berço da capitalismo – a Inglaterra –, e que à sua conclusão já permitia efetuar uma interpetação crítica do capitalismo e também distinguir entre este e seu anverso, o 'socialismo real'. Essa visão do mundo tinha assim uma abrangência considerável, mas deixava ainda a descoberto a interpretação/ compreensão da terceira sociedade, a brasileira. A produção dessa interpretação acabou sendo, precisamente, o objetivo de minha busca e trabalho a partir da volta ao Brasil, resultando ao cabo de alguns anos, na conceituação da acumulação entravada como uma variante do modo de produção capitalista em uma sociedade de elite de origem colonial, como a brasileira.

É esse percurso que foi descrito em minha tese de livre-docência (2001), ‘na esperança –como dizia seu Preâmbulo– que algo de uma experiência seja transmissível, sim’. O presente volume é praticamente o mesmo material editado agora em forma de livro, com duas alterações. Foi omitida a primeira parte, mais autobiográfica e descritiva do período de planejamento profissional, até o mestrado, começando agora com o início da tese de doutorado. Por outro lado, o capítulo sobre o capitalismo foi inteiramente reelaborado, com os resultados de décadas de amadurecimento, pelo prolongado período entre a livre-docência e esta publicação, em discussões no decurso de atividades didáticas, estabelecendo um vínculo entre os estágios de desenvolvimento e nível de reprodução da força de trabalho e introduzindo a discussão do papel e das formas históricas da ideologia.

Cs.D  
São Paulo, março de 2015  


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