A
estratégia para a Amazônia
Coluna
Econômica - 26/05/2008
Um dos grandes desafios
para a questão amazônica é o grau de
superficialidade com que o tema é coberto pela mídia, em
geral.
Para
o responsável pelo Programa Amazônia Sustentável
(PAS), Ministro
Roberto Mangabeira Unger, não há mais dissenso em
relação ao tema. Com
exceção de um pequeno grupo que advoga que a
Amazônia seja um grande
jardim e outro que defende a exploração a qualquer
preço, a maioria da
opinião pública já se definiu pela
ocupação racional da Amazônia.
A confusão
está nos meios de se alcançar esse objetivo.
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O
ponto de partida é a regularização
fundiária, que passa pelo
fortalecimento radical das capacitações das
organizações federais, a
começar do INCRA (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária).
Mas não será suficiente. Haverá necessidade de
mudar o arcabouço
jurídico da definição da propriedade, para
facilitar e acelerar a
travessia da posse para a propriedade.
Resolvido
esse ponto, pode-se avançar para o zoneamento ecológico e
econômico. É
o zoneamento que definirá, em última instância, a
estratégia para a
região.
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Definidos
esses dois pilares, há que se avançar em uma
estratégia para as duas
Amazônias: a com floresta e a sem floresta (basicamente
regiões de
cerrados e savanas, na fronteira com a floresta).
Para
a floresta, a necessidade será a construção de um
regime regulatório
que faça com que a floresta em pé valha mais do que
derrubada.
Para
a sem floresta, será necessário um conjunto de
iniciativas com
governadores para tratar do problema maior: as saídas
econômicas para
as populações de pequenos produtores agrícolas ou
extrativistas que
atuam nas zonas de transição, entre o cerrado e a
floresta.
Aí é que
está o foco maior de desmatamento da Amazônia florestada.
Essas
populações comumente carecem de alternativas
econômicas: são impelidas
por desespero e falta de qualificação a desmatar
floresta. Recorrem a
uma pecuária extensiva de pequena escala, que tem sido uma das
causas
maiores do desmatamento. E servem de vanguarda involuntária para grandes produtores agrícolas,
pecuaristas que vem atrás deles.
Será
necessário criar alternativas para essas pessoas, definindo um
elenco
de atividades legítimas e certificadas, que incluiriam
(dependendo da
natureza de cada micro-região) grande espectro de lavouras
perenes,
cultivo de peixe, biodiesel e o plantio de árvores,
reflorestamento.
Teriam que ser apoiadas técnicas e financeiramente.
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O
segundo passo será a criação de mecanismos para
remunerar populações
envolvidas com a preservação ambiental – alem dos ganhos
normais das
atividades produtivas, serão remunerados pelas tarefas
acessórias, de
ajudar na fiscalização ambiental, através da
vigilância comunitária.
Essa remuneração especial ajudaria a sacramentar vinculo
dos produtores
com projetos produtivos
O
terceiro elemento será a vigilância da região pelo
próprio aparato do
Estado brasileiro. A vigilância é importante como
complemento de uma
agenda econômica construtiva, não como alternativa.
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