Compra da Br Telecom pela Oi pode chegar a 12,3 bilhões
CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio
YGOR SALLES
da Folha Online, em São Paulo
A operação de compra da Brasil
Telecom pela Oi, anunciada nesta sexta-feira, pode chegar a R$ 12,3
bilhões, afirmou o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco.
Segundo ele, além dos R$
5,8 bilhões
dispensados para adquirir controle direto e indireto, serão
necessários, possivelmente, R$ 3,5 bilhões para as
ofertas aos
acionistas donos de ações ordinárias, conforme
determina a lei, e mais
R$ 3 bilhões para comprar ações preferenciais no
mercado.
"São 5,8 bi de controle direto e indireto, depois
o "tag along"
[extensão do prêmio de controle a minoritários],
que é obrigatório por
lei, mais algumas ofertas que estamos fazendo no mercado no sentido de
comprar mais participações. Pode chegar a R$ 12
bilhões ou R$ 13
bilhões, dependendo das participações que
comprarmos", disse.
Falco mostrou-se confiante na alteração do
PGO
(Plano Geral de Outorgas,
que regula o setor de telefonia), que permitirá que o
negócio seja
viabilizado. Ele espera que dentro de dois a três meses, a
mudança
possa ser ratificada. Pela legislação
atual, uma empresa de telefonia fixa não pode adquirir outra
de diferente área de atuação.
"Dado o aumento de competitividade, entendemos que, dez
anos
após a
privatização, já está na hora de adaptar o
PGO pra que o Brasil seja
mais competitivo. Nós seríamos o terceiro grupo
competitivo, hoje há
dois grupos fortes [espanhóis e mexicanos], trazendo
benefícios para o
consumidor", disse. Falco também destacou que, agora, o Brasil
terá uma
tele com ambição
de conquistar mercados no exterior.
Enquanto o PGO não for alterado, explicou Falco,
Oi e Brasil
Telecom deverão ter operações completamente
independentes.
Sobre a compra, o executivo ressaltou que, por ora,
não
há necessidade
de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico
e Social) para o negócio. Ele garantiu que a Oi tem recursos
próprios e
buscará captações no mercado, mas não
descartou que algum dos
controladores busquem recursos junto ao banco de fomento.
Acordo
Do
valor total R$ 5,863 bilhões,
R$ 4,982 bilhões foram pagos para a aquisição da
Invitel (dona da
Solpart, que por sua vez é a controladora da Brasil Telecom
Participações). Outros R$ 881 milhões serão
pagos por ações de emissão
da Brasil Telecom Participações detidas por alguns dos
acionistas da
BrT vinculados ao acordo feito entre os acionistas controladores da
empresa --entre eles os fundos de pensão.
O negócio ainda depende de mudança na legislação
do setor
--já que atualmente é proibido uma empresa de telefonia
fixa comprar
outra de diferente área de atuação--, e de
aprovação pelos órgãos
reguladores, como a Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) e o
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Os dois
órgãos ainda
não foram notificados.
O contrato assinado entre Oi e BrT prevê que duas
condições sejam
cumpridas para o sucesso do negócio. A primeira é que a
Anatel aprove a
aquisição em até 240 dias. Além disso, deve
ocorrer uma oferta pública
de compra de ações ordinárias da BrT em
circulação no mercado. O
fechamento desta última operação deve ocorrer em
até dez dias depois da
aprovação da Anatel. Caso isso não ocorra, o
contrato será desfeito e a
Telemar pagará R$ 490 milhões de multa.
Independente do fechamento ou não do contrato, a
Telemar pagará R$
315 milhões para eliminar todas as pendências judiciais
relativas à
disputa do controle acionário da BrT --que envolvem os fundos de
pensão
Previ (de funcionários do Banco do Brasil) e Petros (dos
petroleiros) e
os bancos Citigroup e Opportunity, de Daniel Dantas.
Assim que a aquisição for concretizada, a
Oi fará uma OPA (Oferta
Pública de Ações) obrigatória para adquirir
as ações de minoritários,
conforme determina as regras da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários,
que regula o mercado de ações). Nessa oferta a Oi
pagará R$ 57,85 por
ação ordinária da Brasil Telecom
Participações e R$ 54,31 por ação
ordinária da BrT.
A Oi também deverá fazer uma OPA, esta
voluntária, para adquirir até
um terço das ações preferenciais da Brasil Telecom
Participações e da
BrT, ao preço de R$ 30,47 e R$ 23,42, respectivamente. Segundo a
empresa, esses preços representam um prêmio de 32,6% sobre
a média das
cotações das ações nos últimos 90
dias.
Negociação
Todas as pendências envolvendo os sócios
Citigroup e Opportunity, do
empresário Daniel Dantas, que eram o último empecilho na
Brasil
Telecom, foram resolvidas no mês passado.
Embora a legislação atual do setor de
telecomunicações possa ser
outro empecilho, o governo já afirmou que mudará as
regras para dar
"sinal verde" à fusão. No início deste mês,
o presidente da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), Ronaldo
Sardenberg, afirmou que
os estudos para mudanças em leis e regulamentos do setor
também estavam
"se aproximando do seu auge".
Para aceitar mudança na legislação
e permitir a fusão Oi/BrT, o
governo, porém, disse querer contrapartidas das empresas, mas
não
informou quais seriam elas. Além disso, já se articulou
para garantir
que no futuro a nova tele não caia em mãos estrangeiras.
Assim, caso os
acionistas resolvam vender o controle da nova empresa, o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá
preferência sobre
a venda de participações.
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