Intelectuais pró-PT criticam
ajuste fiscal
Graciliano
Rocha
Documento apresentado em SP cobra
redução de juro e aumento do gasto público para
retomada do crescimento
Economistas ligados ao PT e à esquerda traçaram um
diagnóstico cético do ajuste fiscal conduzido pela
presidente Dilma Rousseff e lançaram nesta segunda (28) um
manifesto contra o pacote.
Conforme antecipado pela Folha, eles defendem
que o corte de gastos e os juros altos para controlar a
inflação vão desencadear um cenário de recessão profunda,
reduzindo ainda mais a arrecadação de impostos e
derrubando o ânimo dos investidores.
Os principais formuladores das críticas são economistas
e intelectuais influentes à esquerda, como o ex-presidente
do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Marcio
Pochmann e o ex-secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda e professor da Unicamp Luiz Gonzaga
Belluzzo –ambos próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
A receita oferecida no primeiro volume do estudo "Por um
Brasil justo e democrático", lançado nesta segunda (28) em
São Paulo, inclui queda da taxa de juros, veto ao corte de
gastos sociais e a ampliação de investimentos a partir da
revisão de isenções fiscais e combate à sonegação.
O documento defende a retirada
dos investimentos do cálculo da meta do superavit,
que deveria funcionar com sistema de bandas variáveis.
"É impressionante como os fatos passam na cara das
pessoas e elas não veem. Obter superavit primário com a
economia desacelerando não vai funcionar por uma razão
simples: cai a receita fiscal, cai a renda e o volume de
transações acumuladas, caem os lucros das empresas e os
salários", disse Belluzzo.
Para Pochmann, que preside a Fundação Perseu Abramo
(ligada ao PT), as premissas da política econômica do
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estão erradas.
Segundo ele, a retomada do crescimento econômico pela
recuperação do investimento privado, como resultado do
ajuste fiscal proposto por Joaquim Levy, não vai se
confirmar.
"Todo ajuste fiscal reduz o nível de atividade
econômica. O ministro Levy, por exemplo, em janeiro havia
afirmado que nós teríamos uma recessão de apenas três
meses, agora já está se falando que vai durar até 2017",
afirmou.
As críticas obtiveram ressonância entre aqueles
encarregados de defender Dilma no Congresso.
"A gente quer defender esse governo, mas esse governo só
consegue se salvar da pressão contra ele se mudar de rumo.
Esse é o momento em que o bom amigo não fica calado, com
uma posição acrítica", disse o senador Lindbergh Faria
(PT-RJ).
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