Folha de S Paulo, 2002.2.1
A1,B1
Desnacionalização da indústria

De 1991 a 1999, a participação do
faturamento das firmas estrangeiras aumentou de 36%
nas 350 maiores indústrias, para 54% (estatais:
21->13%).Nos
setores de ponta (difusores de tecnologia"), esses valores
são 60% para 87% (estatais .8->0%);
.Serviços
PAULO
NOGUEIRA BATISTA JR.
Defender a causa nacional em um
país como o Brasil sempre foi tarefa
ingrata, que não dá futuro para ninguém. Da
esquerda à direita do espectro político,
passando por todos os principais partidos, o
entreguismo, mais ou menos explícito, mais
ou menos descarado, sempre encontra inúmeros
e poderosos defensores. Para esses, o Brasil
é uma mera figura de retórica, a ser
acionada em época de eleição ou Copa do
Mundo.
É claro que poucos, muito poucos podem
competir nesse terreno com o atual
presidente da República. Desde os seus
tempos de sociólogo, Fernando Henrique
Cardoso sempre tratou com desenvoltura o
tema da dependência. |
Comentários
A recessão provocada pelo aperto de crédito, combinada com
o debilitação da indústria nacional através da
supervalorização do real -- tudo em nome da estabilização
da moeda-- desvalorizaram as empresas nacionais que assim
viraram presa fácil ao capital estrangeiro. Para quem não
percebesse, o diretor do Banco Central (nosso) chamava
atenção:
Os ativos brasileiros
estão agora tão desvalorizados que sua compra se torna
vantajosa para firmas estrangeiras
Gustavo Franco,
1995
A operação tem precisão de bisturi e visa prioritáriamente
os setores-chave da economia (como a indústria de
tecnologia de ponta). Nada novo; apenas a ilustração do
porque da 'atrofia crônica' do Departamento I [dos
meios de produção]
"O estrangeiro veio para o Brasil para participar da
privatização e da compra de empresas nacionais, que estavam estranguladas
financeiramente." Julio S G de Almeida,
diretor-executivo do Iedi
(*) Instituto de Economia
da UFRJ; in FolhaS Paulo, 2.2.10: A1;B1
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