(2001.4.14)
volta.Alca
volta.Internacionalidade Política econômica e de exterior

Uma aula de política econômica e de exterior: leitura adicional
Dito
Folha de S Paulo, 01.05.10:A-11
Folha - O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ex-presidente do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) do Itamaraty, entre outros, tem-se mostrado frontalmente  contrário à Alca. Nessa visão, talvez não conviesse ao Brasil nem sequer iniciar a negociação para constituir a Alca. Qual a sua opinião a respeito?
 Setubal - Os manuais militares de estratégia dizem que todas as decisões tomadas antes do
 momento certo são erradas. O mesmo ocorre com as decisões atrasadas. Acho que o governo
 FHC adotou uma linha correta. Conseguiu o apoio de todos os países da América Latina para
 adiar as negociações da Alca para 2005. Note-se que a maioria desses países quer a Alca.
 Portanto, as decisões serão tomadas pelo governo que irá assumir em janeiro de 2003. Isso
 significa que a sociedade brasileira poderá discutir amplamente o assunto nas próximas eleições. 01.5.10:A-11

01.05.03:B-2
Corrupção "globalizada"
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

OS LEITORES deste jornal já conhecem, de nome e de fama, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que até recentemente dirigia o instituto de pesquisas do Itamaraty. O embaixador merece, sem dúvida, a fama que tem. Trata-se de um dos nossos principais especialistas em relações internacionais. Infelizmente, leitor, competência e seriedade nunca foram garantia de celebridade (podem até atrapalhar). Foi preciso um lance de raro, raríssimo descortino do ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, para que o nome do embaixador se tornasse nacionalmente conhecido.

Nada mais promocional do que a injustiça. Ao exonerá-lo do cargo de diretor de pesquisas em razão das suas opiniões contrárias à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), o ministro Lafer deu notável impulso ao renome do embaixador, que hoje é citado e consultado no Brasil inteiro e até no exterior. 



Privatiza-se a soberania nacional
07/05/2001:A3
 
Privatiza-se a soberania nacional 
A Alca é um caso de sedução. Noiva deslumbrada, a América Latina se entrega ao charme de Tio Sam

FREI BETTO

GEORGE ORWELL poderia escrever hoje o "2084", um novo exercício de futurologia crítica, consideradas as tendências atuais. Mas não é preciso recorrer a ele ou a Arthur Clarke para prever que a globocolonização nos conduz à redução do mundo a um só país e um só governo.

O comunismo deixa de ameaçar, o neoliberalismo impera, a internet põe abaixo as fronteiras da comunicação. Senhores de todas as terras, ares e mares, os EUA mantêm o planeta sob vigilância (vide a espionagem sobre a China) e intervêm em qualquer ponto, ainda que sob o disfarce de boina azul da ONU (como em Iraque e Timor Leste).
 

21/05/2001 Folhateen:11

Brasil vive 500 anos de periferia e continua à margem do sistema 
LUÍS AUGUSTO FISCHER

Olhando daí, de onde você enxerga as coisas, é bom ou ruim o Brasil aderir à Alca, a Área de Livre Comércio das Américas? Ou seja melhor prestigiar o Mercosul, Mercado Comum do Sul? Sua opinião a respeito do tema é segura/ Tem razões sólidas? Você já se esclareceu o suficiente? Como diria o Silvio Santos, em seu Show do Milhão, "posso perguntar" valendo grana? 

Tá, esquece o Silvio Santos. Estamos falando de um tema que de certa forma decide o que vai acontecer no planeta neste século. Conforme o que acontecer nesses anos_mais força no Fórum Econômico Mundial ou mais peso no Fórum Social Mundial, por exemplo_, estaremos definindo o rumo das coisas para duas, três gerações. Se falta uma leitura panorâmica da questão, com enfoque crítico, em linguagem de gente que sabe escrever, vai aqui uma sugestão: "Quinhentos Anos de Periferia", do embaixador brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães_não, você não está enganado, é o mesmo embaixador recentemente defenestrado de um cargo importante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil por ter diagnosticado que, do jeito que a coisa vai, nosso país perder muito ao entrar na Alca, a organização que as elites econômicas dos EUA desejam, a favor de seus interesses, que batem de frente com os interesses brasileiros.

  Samuel Guimarães passa sobre as relações internacionais, especialmente no Oriente, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, período em que viu a ascensão e a consolidação da hegemonia norte-americana no mundo. Daria mesmo para dizer que se trata de um estudo sobre o comportamento dos EUA, tendo como contraponto a posição brasileira e como conceito geral uma noção muito clara das diferenças entre estar no centro ou estar na periferia do sistema, ter ou não ter capacidade de decisão. De lambuja, o livro traz um glossário eficiente, com explicações sintéticas para conceitos e siglas desse universo, que nos diz respeito de perto.
 

 Quinhentos Anos de Periferia
 Samuel Pinheiro Guimarães 
 Contraponto SP, 2001
 Preço: R$ 20 


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