Csaba Deák, 2003.1.25
A
economia não está doente, é bastarda
Manchete de primeira página:
(Folha de S Paulo, 03.1.24):
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Para
justificar aumento de juros, presidente compara país a 'filho com
febre'
Economia
ainda precisa do mesmo remédio, diz Lula |
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A economia brasileira
não está doente, ainda que esteja debilitada. Ela é
mal conduzida e fragilizada propositalmente, ainda que por trás
de subterfúgios, por sua elite. É justamente isso que
era para ser mudado, com o governo Lula.
Assim, a palavra
que melhor se aplicas a ela é 'bastarda'
PS.- E nem
é criança...
Comentários do valoroso economista Ibraim Eris, coberto de razão:
Folha - O que o sr. achou
da decisão do Copom?
Ibrahim Eris - O aumento
dos juros foi uma decisão infantil do
Banco Central. O BC quis dar ao mercado o recado de que será
feito o necessário para conter a inflação, mas juros
de 25% ou de
25,5% são a mesma coisa. O governo também já deu todos
os
recados possíveis. Não precisava desse recado que só
vai custar
mais caro para os cofres públicos.
A decisão acertada seria manter os juros em 25%. Eu não
esperava uma redução numa primeira reunião do Copom
no
governo Lula. Não seria a mensagem correta, dada a pressão
inflacionária. O Banco Central tinha três alternativas: baixar
substancialmente os juros, aumentar substancialmente os juros ou
manter os juros, mas subir a taxa de 25% para 25,5% é
brincadeira. Foi uma decisão de criança. Os cofres públicos
vão
pagar mais caro sobre a dívida pública atual. Infelizmente,
a
primeira decisão do BC do novo governo foi errada.
Folha - Mas o mercado parece
ter reagido bem.
Eris - Eu não sei o que é mercado. Esse negócio de
mercado está
ficando abstrato demais para o meu gosto. Os juros têm um papel
mais importante do que essa brincadeira entre os bancos e o
Banco Central.
(...)
Folha de São Paulo,
quinta-feira, 23 de janeiro de 2003: B4