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Editorial 15 novembro 2002

..A eleição de Lula
 

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Atualizado 03.4.29....
.US ganha guerra; perde hegemonia
.A economia não está doente, é bastarda
.Os anos FHC
.Alca: olho neles (Ricupero)
.Os pecados de Chávez
.China: uma política científica e industrial
.Mercosul trava exportações, diz Anfavea
.O juízo dos artistas (Castro, Krajcberg)
.O Grupo Carlyle (Paul Krugman)
Imposto de renda progressivo?
"Gasobesteirol..." (Rogério Cerqueira Leite)
Previsão, ou política deliberada?
"Não é possível transferir todo ano 4% do PIB"


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Tôpo
Editoriais 2002 novembro
A ELEIÇÃO DE LULA
. SOLTEM AS AMARRAS!
 

A economia brasileira se assemelha ao transatlântico atracado no porto com os motores zumbindo, despensas, tanques e reservatórios abastecidos, porto de destino anunciado, tripulação a postos, mas cansada de esperar a ordem de zarpar em vão. O comandante tergiversa e o oficialato reporta falhas imaginárias no leme e no sistema de comunicações com que sempre restringiram o navio à navegação costeira; e o navio aguarda, imobilizado.

Em seus oito anos de gestão o governo FHC restabeleceu e aperfeiçoou os freios da economia, dentro da política secular brasileira de desenvolvimento entravado. A taxa de câmbio sobrevalorizada sob o pretexto de estabilização da moeda dava para classe média a impressão de bem-estar com a compra fácil de bens importados e atrás dessa cortina diáfana faliu um terço das empresas nacionais e a balança comercial mergulhou no vermelho, aumentando a dívida externa. A taxa de juro jogada nas alturas sob o pretexto de atrair capital estrangeiro asfixiava a estrutura produtiva como um todo, enquanto o país remetia ao exterior o triplo do quanto assim atraía – US$ 75 bilhões em 2001 contra entradas de capital especulativo da ordem de US$ 23 bilhões. Em uma proteção às avessas adicional, o produto importado ficava isento de ICMS (imposto de circulação de mercadorias e serviços), que grava toda a produção nacional.

Empresas brasileiras sobreviventes, estatais ou privadas, desvalorizadas ainda mais pela recessão, foram então vendidas por preço irrisório a empresas estrangeiras com o apoio financeiro do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (!), em um movimento entreguista que faz com que a política do fantoche governo Dutra –que conseguiu gastar todo a saldo de divisas acumulado nos anos da crise de 1929-33 e durante a Segunda Guerra Mundial em quatro anos e ainda, quando a balança comercial ficou demais no vermelho, lançar um imposto de importação sobre ‘supérfluos’ que estimulou a formação de uma florescente indústria nacional de cosméticos– pareça obra de amadores despreparados. O resultado foi um aprofundamento da desnacionalização da economia brasileira similar ao do tempo do Império. Entre 1991 e 1999, a participação do faturamento das indústrias estrangeiras passou de 36% para 54%, sendo que nos ramos de maquinário e indústrias de ponta  –onde se da(ria) o progresso técnico e o controle do processo de produção como um todo–, a mesma participação cresceu de 60% para 87%. Para coroar, o governo FHC entregou o SIVAM –Sistema de Vigilância da Amazônia, onde não controla nem o corte e comércio ilegal de madeira, o garimpo ou a matança de índios– à americana Raython, e a elaboração de um simulacro de plano de desenvolvimento incongruentemente denominado de ‘Avança Brasil’ a uma firma de consultoria igualmente americana; além de deixar o projeto Calha Norte, o exército e o programa espacial à míngua e ceder a base de lançamento de mísseis de Alcântara, também aos americanos.

E continuamos ouvindo a ladainha da 'vocação agrícola' do Brasil...

Políticas como essas perpassam a história brasileira desde que Mauá foi levado à falência menos de vinte anos depois do início de processo de industrialização. Elas são perpetuadas pela elite de extração colonial, forjada na produção colonial permanentemente tolhida pela Metrópole, por medo de que aquela pudesse criar forças próprias capazas de fugir a seu controle. A remoção dos entraves seculares ao desenvolvimento implica em uma transformação social profunda, com a suplantação da elite como classe dirigente. Isto não deve ser confundido com a simples ‘retomada do crescimento’, necessária, mas não suficiente. Lula e Serra –esse, a voz dissidente quanto à política recessiva do governo FHC– terem ido ao segundo turno significa a exigência de uma esmagadora maioria dos brasileiros pela recolocação do país em movimento. No entanto, a vitória final de Lula por 63% dos votos pode significar mais: que forças expressivas estão convergindo no sentido de uma mudança de rumo do país. Não apenas superação da recessão atual, senão também a remoção dos entraves ao pleno desenvolvimento, e a recusa da imposição de renovados movimentos de recessão e entreguismo após cada período de expansão da economia nacional. Libertar-se finalmente das limitações da navegação costeira e empreender a viagem de longo curso. Assim, –
 

–Soltem as amarras!
 

cd, 2.11.15
 

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