Na transição do feudalismo ao capitalismo, a produção para subsistência, isto é, a produção dos meios de subsistência do trabalhador diretamente enquanto valores de uso, ficou incorporada à produção de mercadorias no grande movimento pela generalização da forma-mercadoria.

Privado do acesso a seu meio de sustento pelo processo de cercamento das terras produtivas e sua transformação em propriedade, o trabalhador tem que vender o que lhe resta: sua força de trabalho, e por ela recebe um salário.

Com o salário o trabalhador comparece no mercado para comprar seus meios de subsistência, cujo conjunto forma a cesta de subsistência.

Assim:

» Salário, junto com capital, do qual é o anverso, é a relação de produção fundamental e predominante no capitalismo.

» Salário é o preço da cesta de subsistência do trabalhador

» O lugar precípuo da reprodução da força de trabalho no capitalismo é a aglomeração urbana.

*

O assalariamento é a relação de produção predominante no capitalismo, cuja expansão vai de par com a própria generalização da forma-mercadoria, assim como, no plano da organização espacial, com a formação de algomerações urbanas. Nessas últimas, o nível do salário e  o correspondente nível de reprodução da força de trabalho é o deteminante fundamental das condições urbanas.

O salário define o nível de reprodução da força de trabalho, que por sua vez depende do estágio de desenvolvimento da produção. Em particular, o nível de reprodução é extremamente baixo no estágio extensivo, no qual ainda há abundantes contingentes de trabalhadores não-assalariados cuja incorporação paulatina constitui o componente principal da acumulação** e permite suprir eventuais falhas na reprodução da força de trabalho. Já no estágio intensivo os salários elevam-se, devido à necessidade de operação de técnicas sempre mais produtivas --cujo progresso doravante constitutui  a principal, de fato, a única, fonte de acumulação-- que requer a uma força de trabalho mais qualificada. É a melhoria das coondições de reprodução da força de trabalho que deu origem historicamente às expressões Estado de Bem-estar e social democracia, na Inglaterra e na Alemanha, respectivamente.

* Reforçado ainda pelas leis contra vagabondagem -- para uma vívida descrição desse processo, ver “Parte VI  A chamada acumulação primitiva” no primeiro volume de Capital de Marx (1867).

** A frase de Marx: 'Acumulação ... é o crescimento do proletariado'  (Capital, P:745) se refere precisamente a este estágio.

Referências

Deák, Csaba (1985) "Globalization or global crisis?" BARTLETT INTERNATIONAL SUMMER SCHOOL, Glasgow, 1995 Proceedings London, 1996

Marx, Karl (1867) Capital Várias eds.Capital P: edição da Penguin, Harmondsworth.