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Estágios
de desenvolvimento capitalista
Uma periodização
de
um modo de produção consiste em distinguir estágios
de desenvolvimento segundo as condições em que se
dá
a reprodução da relação social
predominante,
no caso do capitalismo, o trabalho assalariado e a
correspondente mercadorização
da produção.
A
sociedade
capitalista foi gestada
em meio à dissolução da ordem feudal. Em seu
primeiro
estágio de desenvolvimento, o assalariamento da força de
trabalho, primeiro incipiente, foi se extendendo, mediante o
paulatina
eliminação das terras comunais ('cercamentos') e sua
transformação
em propriedade. Por isso esse estágio é denominado estágio
extensivo.
O estágio (de acumulação predominantemente)
extensivo
se caracteriza por rápido crescimento da produção
de mercadorias movido pela taxa de excedente do trabalho assalariado, mais
o ritmo de extensão da relação salário em
detrimento
às relações precapitalistas de
produção:
servidão, trabalhadores livres, produtores independentes,
produção
para a subsistência.
Quando
o
estágio de desenvolvimento
extensivo se esgota, não havendo mais espaço para a
extensão
da produção de mercadorias, o capitalismo entra em seu estágio
intensivo. No estágio intensivo a expansão da
produção
de mercadorias se restringe ao aumento da produtividade do trabalho,
que
por sua vez depende do progresso das técnicas de
produção.
O
estágio
intensivo se satura
por sua vez com o desenvolvimento das técnicas de
produção
(e crescente automação), dando lugar a uma crise de
superprodução,
como a partir da exaustão do 'boom' da
reconstrução
pós-guerra, nos meados da década de 1960. Esse é o
estágio contemporâneo, ou capitalismo tardio
(Mandel).
Suas características fundamentais são a
desindustrialização
decorrente da automação e o adiamento de uma
recessão
similar à crise de 1929 com base em endividamento externo
(Estados
Unidos) e interno (dívidas nacionais de todos os países),
procedimento insustentável a longo prazo.
A
crise do
capitalismo desemboca,
na verdade, em uma crise de amplitude maior ainda: tornou-se insustentável
também a manutenção do simples crescimento do
consumo
(e evidentemente, da produção) pela exaustão dos
recursos
naturais, o que coloca em xeque já não sòmente o
capitalismo,
senão a própria reprodução
ampliada.
As
formas
ideológicas correspondentes
aos três estágios são liberalismo, social-democracia
e neoliberalismo,
respectivamente.
Os
estágios de desenvolvimento do capitalismo no Brasil
Outras
periodizações do capitalismo ( a polêmica).
Bibliografia
Aglietta,
Michel
(1976) Régulation et crises du capitalism
Maspéro, Paris; A theory of
capitalist regulation New Left Books, London, 1979
Mandel, Ernst (1972) Late
capitalism
Verso, London, 1978
Ricardo, David (1817) Principles
of Political economy Dent & Dutton, London
cd,3.3.27;
6.3.15
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