Alexander
Nisbet Cornucopia
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Sustentabilidade/Desenvolvimento
sustentável
Klára
Kaiser Mori
Entre as
reações ideológicas
à crise de
acumulação instaurada nas
últimas décadas
do século XX destaca-se a
criação de
uma multiplicidade de pseudo-categorias
relativas ao processo econômico-social,
e a redefinição liberalizante
de outras tantas. Pertencem a esse conjunto,
entre outras, a mudança de sentido de espaço
– categoria
que já
chegamos a apreender como um dos objetos
centrais do
trabalho social, base de sua
produção e
reprodução, hoje transfigurado
em meio-ambiente;
e a sustentabilidade,
como a forma ambientalmente válida de
sua
transformação.
O deslocamento
da noção de crise do
âmbito do modo de produção
para
o das trocas com a
natureza – em particular, para as
limitações da
economia impostas pela
finitude dos estoques de matérias
primas – não é
inócuo. Em termos mais gerais,
ele reconduz ao centro da reflexão
aquela visão cindida
do processo
econômico-social que desde as
formulações dos
primeiros pensadores burgueses
tem servido de respaldo a seus interesses de
classe.
Mais especificamente é o referido
deslocamento que tem
dificultado que as mazelas ambientais
crescentes – porque elas existem
de fato
– se projetem negativamente sobre o processo
de
acumulação; ou que, quando o
reconhecimento do caráter social da
economia se torna
inevitável, a
industrialização é que
seja apontada como o foco
da crise, e não a anarquia
produtiva regida pela competição
no mercado.
Com
a naturalização da economia, e o
consequente confinamento do debate sobre a
formação do espaço aos
contornos
teórico-conceituais dos estudos de
impacto ou
às colocações de
produtores individuais, ONGs e
comunidades locais sobre
práticas ditas sustentáveis,
a causa dos
problemas ambientais vem sendo
gradualmente dissociada da
organização da
produção, para ser identificada
com o
aumento da produtividade do trabalho.
Esboça-se, a
seguir, uma memória sucinta do
movimento ideológico
assinalado, com base em
alguns de seus documentos centrais.
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