.Verbetes
 

planejamento em revisão


Versão inicial 6.7.27
Rev. 7.1.7; 08.4.22; 13.8.17
 Conexões 

racionalismo | espaço | Estado e mercado | infraestrutura | uso do solo | urbanização | planejamento urbano | planejamento nacional




planejamento/ cd, 6.7.27
Faire un plan, c'est préparer un souhaitable que devienne plausble à l'esprit prospectif et que devienne probable pour une société attachée à sa réalisation.

Pierre Massé Le plan ou l'anti-hasard, 1965

Elaborar um plano significa preparar um desejável que seja plausível ao espírito prospectivo e que se torne provável para uma sociedade empenhada em sua realização.
Um exemplo acabado de racionalismo

Planejamento é permanente diagnose das necessidades da reprodução social, projeto das intervenções para suprí-las, produção/provisão das mesmas e elaboração de uma retórica para apresentá-las à sociedade em nome do interesse coletivo.

Csaba Deák À busca das categorias da produção do espaço, ms 2013 V-2

planejamento

Planejamento é o agenciamento da intervenção do Estado de acordo com as necessidades da reprodução social de acordo com os estágios de desenvolvimento, acompanhado de uma retórica para justificar/ legitimar essa intervenção perante os membros da sociedade baseada na ideologia prevalescente no mesmo estágio de desenvolvimento.

Csaba Deák À busca das categorias da produção do espaço, ms 2013 V-1


No sentido estrito, planejamento é a formulação, mais ou menos explícita, da intervenção do Estado na produção e reprodução sociais, na dialética do Estado e do mercado.

O planejamento tem um objetivo --assegurar as condições da reprodução da sociedade-- e uma retórica --um discurso racional que o apresenta como sendo em função do interesse coletivo. Uma acepção comum de planejamento deriva de sua associação com sua própria retórica.

O planejamento se desenvolve especialmente no estágio de desenvolvimento intensivo com a ampliação da atuação do Estado; a colocação do interesse coletivo em posição central na ideologia da social democracia ou do Estado de Bem-estar e a necessidade do ordenamento e estruturação das grandes aglomerações urbanas, inaugurando a gênese do planejamento urbano.

Devido às especificidades da produção/ transformação do espaço nas aglomerações urbanas, assim como à existência de  órgãos 'locais' de governo como partes distintas no aparelho do Estado, o planejamento da intervenção estatal nessas aglomerações se distingue como planejamento urbano; mas os limites que separam o último de um planejamento nacional são indefinidos e ambos os 'níveis' de planejamento constituem na verdade uma unidade.

Com a reação neoliberal à crise decorrente da exaustão do 'boom' da reconstrução pós-guerra a partir dos meados dos anos 1970, estruturada en torno da desqualificação do Estado como agente ou até representante do interesse coletivo, o planejamento sofre um refluxo, uma fragmentação e a legitimação da interferência direta de grupos de pressão (planejamento estratégico, operações urbanas, PPP* etc).

Planejamento no Brasil
 
Na sociedade de elite o processo de planejamento convive coom a dicotiomia entre a retórica baseada no interesse comum e a necessidade da manutenção da precariedade e fragmentação das infraestruturas da produção, inclusive as espaciais, como forma de reprodução dos entraves ao desenvolvimento na acumulação entravada.

Com o advento do neoliberalismo a incongruência entre retórica e prática diminuiu, uma vez que a desqualificação do Estado da ideologia neoliberal acaba aderindo à histórica política de fragilização do aparelho do Estado na sociedade de elite.
 

* PPP: Parceria Público-Privado


Referências

DEÁK, Csaba (1985)
Rent theory and the price of urban land/ Spatial organization in a capitalist economy PhD Thesis, Cambridge, especialmente "Gênese do planejamento urbano"

MASSÉ,
Pierre (1965) Massé Le plan ou l'anti-hasard Gallimard, Paris

SUTCLIFFE, Anthony (1981) Towards the planned city/ Germany, Bri­tain, the United States and France Basil Blackwell, London







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