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Estágio
extensivo
Estágio
de acumulação predominantemente extensiva
A sociedade capitalista foi
gestada
em meio à dissolução
da ordem feudal. Em seu
primeiro estágio de
desenvolvimento, o assalariamento da
força de
trabalho, primeiro incipiente, foi se extendendo, mediante o
paulatina
eliminação das terras comunais ('cercamentos') e sua
transformação
em propriedade, forçando
os produtores independentes e para
suubsistência
ao assalariamento. Por isso esse estágio é denominado estágio
extensivo. O estágio (de acumulação
predominantemente)
extensivo se caracteriza por rápido crescimento da
produção
de mercadorias movido pela taxa de excedente do trabalho assalariado, mais
o ritmo de extensão da relação salário em
detrimento
às relações precapitalistas de
produção:
servidão, trabalhadores livres, produtores independentes,
produção
para a subsistência.
O estágio
extensivo se caracteriza,
além do rápido crescimento, pelo baixo nível de
reprodução
da força de trabalho (longos dias de trabalho, precárias
condições de habitação, higiene,
saúde
e educação) possibilitado pela ampla reserva
constituída
pelos trabahadores ainda não assalariados; e pela relativamente
restrita intervenção do Estado no funcionamento do mercado
em franca expansão regulado por altas taxas de lucro. É o
capitalismo 'desenfreado' e 'selvagem'. Finalmente, a forma
ideológica
precípua do estágio extensivo é o liberalismo ,
em que a absoluta primazia do mercado encontra sua contrapartida no
enaltecimento
da liberdade --liberdade individual, a saber, de dispor livremente de
sua
propriedade.
Quando o
estágio de desenvolvimento
extensivo se esgota, não havendo mais espaço para a
extensão
da produção de mercadorias, o capitalismo entra em seu estágio
intensivo .
No
estágio intensivo a expansão da produção de
mercadorias fica restrita ao aumento da produtividade do trabalho, que
por
sua vez depende do progresso das técnicas de
produção.
O estágio intensivo não é propriamente uma
superação
do estágio extensivo; é simplesmente sua
substituição
face à inviabilização desse pelo esgotamento das
possibilidades
de extensão da produção de mercadorias.
A exaustão
do estágio
extensivo deu-se, na Inglaterra, por volta do fim das Guerras
Napoleônicas
(1815), mas teve uma sobrevida por conta da expansão imperial
até
a crise de 1865 (Deák, 1989); na Alemanha, na década de
1880
quando ficou concluído o assalariamento dos servos libertados na
revolução de 1848-9 (Weber, 1894); nos EEUU, na
década
de 1920 (Aglietta, 1976) e no Brasil, em meados da década de
1970
(Deák, 1990).
*
No Brasil, as altas
taxas de excedente
no estágio extensivo permitiram a manutenção da acumulação
entravada ,
com uma parte do excedente expatriada, enquanto uma outra parcela era
acumulada.
A exaustão do estágio extensivo (1975) inviabilizou a
reprodução
da acumulação entravada, o que por sua vez gerou o
impasse
que dura até hoje (Deák, 1991).
Referências
AGLIETTA, Michel
(1976) Une théorie
de la regulation du capitalisme Maspéro, Paris
DEÁK, Csaba
(1989) "O
mercado e o Estado na organização espacial da
produção
capitalista" Espaço & Debates 28:18-31
DEÁK, Csaba
(1991) "Acumulação
entravada no Brasil/ E a crise dos anos 80" Espaço &
Debates 32:32-46
WEBER, Max (1894)
"Developmental
tendencies in the situation of East Elbian rural labourers" Economy
& Society 8(2):177-205, 1979
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