Exclusão (social)
Exclusão (social) é um dos neologismos produzidos pela ideologia neoliberal, que substiutui a
característica fundamental da sociedade capitalista --a
divisão e dominação de classes-- por uma de suas
consequências: a exclusão de uma parte da
força de trabalho das condições de
reprodução que haviam sido apresentados pela ideologia
liberal, e em particular sua versão social-democrata elaborada
no estágio intensivo do capitalismo, como
'direitos civis' (moradia, educação, saúde e
lazer).
O capitalismo repousa sobre a
instituição da propriedade concretizada desde os cercamentos das terras comunais,
que priva o trabalhador de seu meio de subsistência obrigando-o
ao
assalariamento. Nessa sentença fica claro que a
organização social se define já no momento da produção, e que essa
organização ou qualquer de suas consequências
só pode ser alterada pela transformação do
próprio modo de produção, no caso, do capitalismo.
Ao evitar de nomear sua origem --a
propriedade-- e deslocar o foco sobre um mero sintoma --a
exclusão-- produz-se a impressão que se trata de uma
espécie de 'falha' da organização social que
portanto
poderia ser remediada ou corrigida através de uma
'política' que já tem o nome pronto: de 'inclusão' (social).
Ao passo que na perspectiva
histórica, a
'exclusão' social é o resultado da crise do estágio intensivo do
capitalismo e de seu Estado de
bem-estar, sendo assim uma condição inerente ao capitalismo contemporâneo,
ou tardio.
Quanto a sua origem, o 'conceito' de
exclusão tem sua filiação na 'Escola de sociologia francesa',
que foi criticado, mormente na Inglaterra, precisamente por deslocar a
análise da
sociedade do processo de produção
para o processo de distribuição,
ou 'consumo' (cf. por exemplo, Harloe, 1979).
Referência
Harloe, Michael (1979) "Marxismo, Estado e questão
urbana" Espaço & Debates
28:80-100, 1989.
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