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privatização    versão preliminar


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capitalismo | crise do capitalismo | produção do espaço | infraestrutura | ideologia | liberalismo | neoliberalismo | globalização




privatizacao/ cd, 09.8.1


A evolução dos gastos governamentais como proporção do PIB no 
período 1880-1985 em países centrais selecionados
ilustra a expansão do Estado no estágio de acumulação predominantemente intensiva.




 
A Oi e a Portugal Telecom anunciaram ontem acordo para a fusão das empresas. A brasileira foi criada em 2008 para ser a "supertele" do país numa operação privada, mas viabilizada majoritariamente com recursos públicos. A operação prevê capitalização da Oi de até R$ 14,1 bilhões, para reduzir o endividamento, que chega a R$ 27,5 bilhões. Folha S Paulo 13 10 3:Capa

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Privatização

Privatização é o elemento central da política econômica e da retórica do neoliberalismo, por sua vez uma reação à crise do capitalismo contemporâneo.

Esta crise provém, essencialmente, da tremenda expansão do Estado e a correspondente retração do mercado, durante o estágio de desenvolvimento intensivo (figura ao lado) do capitalismo. Trata-se da negação da tendencia fundamental do capitalismo e motor mesmo de seu desenvolvimento, a tendência à generalização da forma-mercadoria, na dialética do Estado e do mercado: a presença do Estado é necessário  ao funcionamento do mercado, mas ao sustentá-lo mediante a provisão de arcabouço jurídico e institucional e infraestrutura física, o restringe também, ao assumir parcela sempre crescente da produção social de valores de uso.

Assim, a tentativa da privatização consiste na re-mercadoriazação da economia, reconquista da supremacia do mercado na regulação da produção. Tal tentativa é necessáriamente frustrada, pois numa dialética a negação da negação não restabelece a tendência original (aqui, generalização da forma-mercadoria). Em um estudo empírico, Ball et alii (1989), avaliaram o efeito líquido de três governos sucessivos de Margaret Thatcher na Inglaterra, quem foi precursora e campiã da privatização tendo concluído que após dez anos dessa política a participação do Estado na economia não só não havia diminuído, senão chegou a continuar aumentando. Perguntaram-se então: qual foi o efeito prático dos 10 anos de política neolioberal centrada na privatação, e concluíram: concentração de renda e de capitais.

Privatização, portanto, é a tentativa do impossível. Na prática as firmas que assumem serviços públicos ou bem continuam recebendo subsídios diretos (tarifas etc.) ou indiretos (direitos de monopólio etc), ou elevam o preço do serviço em prejuízo óbvio da universalidade da prestação para todos, ou ainda acabam falindo, como aconteceu há alguns anos (2004) com a British Rail –salvando com isso o Metrô de Londres da então iminente privatização. Há ainda o caso em que porções ‘rentáveis’ de um sistema são privatizadas –como trechos mais carregados de uma rede de rodovias. A privatização das rodovias do Brasil é inconcebível; a de São Paulo-Rio é ‘viável’, se escamoteado o fato que esta ligação só funciona como funciona por fazer parte da rede de rodovias como um todo (sem a qual nem São Paulo e Rio poderiam ser o que são).


Referências

BALL, Michael, Gray F & McDowell, L (1989) The transformation of Britain. Contemporary economic and social change Fontana, London

DEÁK, Csaba (1989) "O mercado e o Estado na organização espacial da produção capitalista" Espaço & Debates, 28:18-31

cd, 09.8.1

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