Apresentação
Nômades nas estepes
A conquista: nos Cárpatos
A época das expedições
Consolidação: o território
A monarquia feudal
Economia européia 
A consolidação do Estado
O apogeu do feudalismo
A Bula de Ouro (1222)
O ocaso do feudalismo
A invasão dos tártaros
Os últimos Árpádinos [1301]
Os reis Anjou [1308-1382]
Os turcos e Hunyadi [1430]
O rei eleito: Mátyás
Nasce um novo mundo 
Epílogo: HISTÓRIA II: Dos
  descobrimentos até hoje

Criado 2005.7.21

PEQUENA HISTÓRIA DA HUNGRIA I.
Da fundação à alta Idade Média
(Até 1500)



 Os reis Anjou

[1308-1382]


A luta dinástica que se seguiu à extinção da casa de Árpád deu‑se –mais uma vez–, contra o pano de fundo da rivalidade entre o Papado e o Sacro Império (germânico). Cada um tinha seu can­didato: o primeiro, Carlos Roberto Anjou, descendente do Rei de Nápoles e da rainha abandonada de László (O Kuno); o segundo apoiava inicialmente o menor Ven­ces­lau e depois, Bávaro Otto, ambos bisneto e neto, respectivamente, de Béla IV pela linha feminina. Os primeiros movimentos pareciam favorecer esses últimos, mas após breves períodos de presença (dizerreinado’ seria exagero) ambos foram expulsos do país e finalmente Anjou foi coroado rei para ser Károly I (1308-42).
 
O longo reinado de Károly Anjou começou com uma dé­cada e meia de luta encarniçada durante a qual o habi­li­doso e enérgico Károly quebrou os oligarcas agi­ganta­dos durante o último meio século e reconstituiu a monar­quia cen­tra­li­za­da com base em uma nova nobreza criada por ele e cuja submissão lhe era assim assegurada. Vin­do da Itália rica em prósperas cidades, estimulava a for­mação de novas praças de mercado, burgos e cidades­‑liv­res, à maneira de Béla III. Sua po­lí­tica externa basea­va­‑se na idéia de contrabalançar a pressão do império germâ­ni­co, e suas alianças e contatos nesse sentido iam do Reino de Nápolis (sua terra na­tal) até a Polônia, presentemente às voltas com problemas sucessórios, estabe­le­cendo laços familiares em ambos os reinos, que vingariam durante o reino de seu filho e sucessor. Seu grande fracasso foi não conseguir segurar a costa Adri­á­tica mes­mo ao preço de custosas campanhas contra Veneza, principalmente em consequência da falta de visão de seus prepostos para a região que não tinham ti­no para a administração de cidades livres, portuárias, e orientadas pa­ra o co­mér­cio marítimo, e que assim perderam sua tradicional pre­ferência de pertencer à Hungria, para o ar­qui‑rival dessa, Veneza. Restabeleceu no entanto o poder central, a administração e as finanças do país, sendo reconhecido como rei que ganhou o epiteto Nagy (Grande) .


Károly Anjou coroado, 1308.


Csák Máté, a quase-lendária figura e um dos maiores potentados que 'reinava' no noroeste da Hungria (cf. mapa da seção anterior).

Boa parte dos frutos do trabalho árduo de Károly foi co­lhida por seu filho Lajos, o Magno (1342-82). Um projeto de uni­ão com o Reino e Nápole falhou – seria a mes­clagem de duas sociedades diferentes demaismas, com o poder interno firmemente assegurado, e aliado à tradi­cional rival de Veneza, Gênova, reconquistou (e conser­vou con­tra várias tentativas de reconquista por parte de Ve­ne­za) a Dalmácia, e estendeu a sua soberania aos es­ta­dos limítrofes de Bósnia, Valáchia e Moldávia.

Enquanto isso, na Anatólia, um clã otomano comecou a conquistar a preponderância em meio à constelação de emirados turcos e unificá-los sob seu domínio na região noroeste, reduzindo também, no processo, o Império Bizantino a  um pequeno enclave em torno de Constatinopla. Em 1353 os otomanos cruzaram as Dardanelas e estabeleceram uma cabeça‑de‑ponte na Europa em Gal­lipoli. Quando desafiados em sua expansão pela Trácia pelas forças conjuntas servo‑búlgaras, destruíram essas últimas e Bulgária tornou‑se seu vassalo. Mais uma cam­panha vitoriosa sobre os sérvios pôs o Império Oto­mano em contato di­reto com a Hungria (1371) e mais para o fim de seu reino, Lajos Magno chegou a ter de rechaçar um exército turco em campamha exploratória (1377) ainda sem consequências, em boa medida porque a atenção 

Nagy Lajos, como representado
na Crônica Thuróczy (1487), da biblioteca de I Mátyás (cf. seção O rei eleito, adia
nte).
dos otamanos se voltou então a leste, para a conquista do resto da Anatólia, originando a formação do Império Otomano. O avanço turco nos Balcãs se tornaria mais ameaçador de novo alguns anos mais tarde, com o advento do sultão Bayazid (1389).


Europa, 1360 -- A França e a Inglaterra continuam ocupadas com sua Guerra dos 100 anos. A nordeste expremidos entre os tártaros (a Horda de Ouro) e os Cavaleiros Teutônicos, estão renascendo os principados de Polônia, Litvânia e de Novgorod, O refluxo árabe a oeste é contrabalançado pela expansão dos também muçulmanos turcos a leste. Mapa: MEP.

Os Balcãs em 1377. -- A rapidez da expansão dos turcos otomanos pode ser apreciada pela extensão conquistada por eles nos Balcãs em 14 anos a partir do estabelecimento de sua cabeça-de-ponte do lado europeu das Dardanelas (azul). Do império Bizantino sobra somente Constantinopla em si e um território já desconectado na Trácia (amarelo), e o Império Otomano passa a ser vizinho direto da Hungria (em vermelho). Mapa: HSz.

Como resultado da política de casamentos de Károly Anjou, as casas de Bo­ê­mia e da Polônia estavam entre­laçadas com a casa da Hungria. Em conse­quência disso, Lajos interveio algumas vezes a favor de seu tio, o rei da Polônia, na tradicional luta desse contra os lituanos, assegurando‑lhe a Galí­cia, e quando aquele morreu sem herdeiro (1370), chegou a assumir o trono po­lonês, sem no entanto interferir muito na vida daquele país. Por último, mencio­ne‑se a fundação da universi­da­de de Pécs (1367), seguindo a tendência de época na Europa central (fundação das universidades de Praga, 1348, Cracóvia e Vie­na, 1365). É um sinal da adaptação do segundo Anjou no trono da Hungria à sociedade local o fato dele ter promulgado –ou mais exatamente, endossado as proposições de um Parlamento dominado pela alta nobreza– a legislação que consolida as instituições feudais (1351) há muito obsoletas e efetivamente inau­gu­ra, na Hungria, a “segunda servidãoque se genera­liza­ria em toda a Europa Oriental para se extinguir em 1848.

Na Europa Ocidental, a Guerra dos Cem Anos, em aparência uma herança da conquista normanda da Inglaterra, mas na verdade, pelo controle da região des­envolvida de produção téxtil dos Flandres, iniciada em 1327, acompanha todo o reinado de Lajos Magno, quando pára para uma pausa (1383) para recomeçar após uma geração. Na península ibérica, Castilho se expande no continente e Ara­gão, no Mediterrâneo. A boca do Báltico continuava a ser disputada por di­na­merqueses e germânicos, como séculos, e a costa do Báltico, pelos Ca­va­leiros Teutônicos, Polônia, Lituânia (ainda pagão) e o Principado de Novgorod (russo, ainda com os mongóis nas costas).


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